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«Hail, Caesar!» (Salve, César!) por Paulo Portugal

Parece incrível, mas os manos Coen parecem ter produzido um filme especialmente desenhado para abrir o festival de Berlim. Heil Berlim, perdão Hail, Caesar! ou, melhor ainda, Salve, César! confere o olhar aos bastidores do espetáculo mais grandioso do mundo. Não se trata de um circo, mas quase, onde a Josh Brolin cabe o papel de uma espécie de mestre de cerimónias dos estúdios Capitol. Ele é Eddie Mannix, um executivo dos estúdios que se encarregava de limpar a sujidade em redor das estrelas maiores de Hollywood.

Durante uma espécie de “um dia na vida de Eddie Mannix“, espreitamos um pouco o período áureo do cinema americano, empenhado em grandes produções de época, musicais acrobáticos e dramas de sedução. É, por isso mesmo, quando um filme de sketches, ainda que siga em particular o desaparecimento de Baird Whitlock, a estrela maior do estúdios, que cai nas mãos de uma célula do Partido Comunista local que acaba por lhe fazer uma lavagem à cabeça. Por este papel, George Clooney acaba por ter uma nova participação num papel colorido em filmes dos Coen, como um centurião num filme da Roma Antiga que acaba por se ajoelhar diante de um famoso judeu crucificado.

Mas há muito mais nesta deambulação. Seja uma visita ao set de DeeAnna Moran (Scarlett Johansson em réplica de Esther Williams, versão “bitch”), a quem sugere que adopte o próprio filho para evitar problemas em saber de quem seria o futuro pai, ou ainda dissimular o desaparecimento de Baird às gémeas Thora e Thessaly Thacker, ambas interpretadas com a verve de Tilda Swinton, ou talvez até para dar uma espreitada à cameo de Channing Tatum a reinventar Gene Kelly num colorido numero de sapateado ou, por fim, um revelador Alden Ehrenreich a mostrar os dotes do uso do laço à cowboy e a irritar de morte Ralph Fiennes no papel de um peculiar realizador europeu.

Lá está. uma pequeno emaranhado de pequeníssimas histórias, ao lado de uma trama um pouco maior, mas sem nunca tocar em temas verdadeiramente sensíveis. Dir-se-ia que os Coen optarem pelo lado mais confortável de homenagear o modo de produção de Hollywood. Em versão “light”, mas mostrando o que sabe fazer e bem.

O melhor: Os pequenos sketches com grande estrelas
O pior: A ideia de que falta uma ideia mais firme de uma linha narrativa


Paulo Portugal