Sábado, 20 Abril

«The 5th Wave» (A 5ª Vaga) por Jorge Pereira

«O amor é um truque de magia». Quem não vai nessa cantiga são os extraterrestres. Este é o sentimento que define A Quinta Vaga, um filme baseado numa obra literária juvenil lançada em 2013 e que se comporta como uma espécie de Twilight encontra A Estrada em plena Guerra dos Mundos.

Os alienígenas estão aí. Ao contrário do que se esperaria, eles não atacam a Terra imediatamente, preferindo – aos poucos – eliminar os humanos. Cada uma dessas fases do ataque é apelidada de Vaga e agora chegou a vez da quinta (daí o nome do filme). Em particular acompanhamos Cassie (Chloë Grace Moretz), uma jovem que nos vai narrando a história, enquanto aos poucos se transforma numa espécie de Katniss de Hunger Games, não faltando mesmo a tentativa de salvar o irmão mais novo.

Pelo meio, forma-se um inevitável triângulo amoroso para agradar à nova geração MTV, existem meninos soldados com mais ou menos «style» a lutar pela sobrevivência, enquanto se atiram subcontextos pseudo-políticos sem qualquer relevância, engenho ou credibilidade. As reviravoltas, quando chegam, são previsíveis, tornando toda a experiência do espectador num constante desabafo de «estava-se mesmo a ver».

No geral, A Quinta Vaga é uma mixórdia genérica das chamadas novelas para jovens adultos e nem a sua protagonista, também ela rendida aos clichés, consegue salvar. Moretz, que já provou ser capaz de ter carisma como uma lutadora implacável (Kick-Ass), não consegue sacudir em nenhum momento o cheiro a bafio que corrompe a sua personagem, entregando ela mesmo uma prestação sem chama e sem alma. Os seus parceiros de luta, Nick Robinson e Alex Roe, seguem o mesmo caminho, com o último a parecer saído de um livro de Nicholas Sparks.

Tecnicamente, e embora nunca deslumbre, claro que tudo está perfeito e há mesmo uma sequência em que o realizador parece ter sido possuído pelo espírito de Roland Emmerich. As semelhanças no estilo filme-catástrofe são de tal maneira que nos apetece perguntar: será que J Blakeson é um Sense8 do realizador de 2012 e O Dia Depois de Amanhã?

A pergunta era retórica, pois sabemos bem que, na busca por um novo sucesso comercial na linhagem Twilight e Hunger Games, os estúdios rendem-se ao esquematismo de maneira a continuar a história. É cinema pensado como televisão, sempre à procura de aprovação para uma nova temporada, sempre com os mesmos ingredientes para atrair um público acrítico.

O Melhor: Os efeitos visuais não trazem nada de novo, mas ainda assim são o melhor
O Pior: A imposição de um triângulo amoroso a cheirar a Twilight. Os diálogos, a previsibilidade da ação.


Jorge Pereira

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