Quarta-feira, 24 Abril

«Ride Along 2» (Polícias em grandes apuros) por Jorge Pereira

Estávamos em 2014 quando a Universal lançou nos cinemas Ride Along (Polícia em Apuros), uma comédia que, seguindo as convenções dos “buddy-cop films”, colocava Ice Cube e Kevin Hart a perseguir um incógnito e temeroso criminoso de Atlanta que dava pelo nome de Omar.

O filme, profundamente esquemático e derivativo, sobrevivia a espaços da química dos protagonistas: Ice Cube – que é uma espécie de “Grumpy Cat” do cinema com o seu ar durão de Compton – é um detetive carrancudo, futuro cunhado de Ben (Kevin Hart), a quem satiricamente apelida de “anão”; Já Hart – que começou no reino do “stand up comedy” e trouxe de lá toda a sua exuberância – era o bom coração, mas trapalhão aspirante a agente da lei.

Oferecendo temáticas, personagens e sequências de ação vistas e revistas em dezenas de filmes do género que inundaram os cinemas nos anos 80 e 90 (48 horas, Arma Mortífera, O Caça Polícias, Die Hard: A Vingança, Taxi…etc), Polícia em Apuros foi vendido como um entretenimento passageiro e descartável, ainda assim capaz de provocar algumas gargalhadas devido ao contraste dos atores em cena. Como o filme teve sucesso comercial, naturalmente seguiu-se para a sequela, fazendo nos lembrar a velha frase de Eric von Stroheim, que há uns distantes 90 anos comparava Hollywood a uma “fábrica de salsichas” (em oposição ao termo “fábrica dos sonhos”).

Ride Along 2 (Polícias em grandes apuros) é isso mesmo: um produto prefabricado com os ingredientes do costume, mas embalado como se de algo verdadeiramente novo se tratasse. E bastam apenas 5 minutos para captar esse sentimento. Logo na abertura, onde o realizador aplica um “copy-and–paste” de quase todas as técnicas e truques de realização do primeiro filme, há uma rendição estilística ao autoplágio. Tim Story, que tanto prometera com o curioso Barbershop (2002), parece mostrar-se acomodado ao fordismo cinematográfico e, brevemente, até vai filmar Barbershop 3. Ainda assim, há uma sequência filmada de forma curiosa, onde o cinema e o mundo dos videojogos se funde num só. Talvez Story queira um dia executar um filme GTA e este seja o seu “showreel”.

Assim, de diferente nesta sequela temos apenas pequenos detalhes do argumento: o de migrar a ação para Miami (ao estilo Caça-Polícias); a introdução uma personagem feminina (Olivia Munn), provavelmente para fazer par com Cube; o facto do grande vilão ser apresentado logo no início (ao contrário do primeiro filme); e de surgir Ken Jeong a replicar a sua excêntrica personagem de A Ressaca, acrescentando apenas ao seu perfil a personalidade de um hacker (pouco credível).

Nisto, se já era criticável o primeiro filme por não trazer nada de novo ao género, falar desta sequela é redundante. Polícias em grandes apuros é mais do mesmo….

O Melhor: No meio de centenas de piadas disparadas em todas as direções, algumas funcionam…
O Pior: Mais do mesmo (em relação ao género e em relação ao primeiro filme)


Jorge Pereira

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