Sexta-feira, 26 Abril

«Point Break» (Point Break – Caçadores de Emoções) por Hugo Gomes

Antes de avançarmos com as proclamações de que este é o Point Break da geração Velocidade Furiosa, devemos antes situar o original de 1991 como a inspiração não assumida do filme dos carros velozes que gerou uma franquia milionária que ainda hoje perdura: a história do agente da lei que se infiltra num grupo de criminosos e que acaba por se enturmar com eles até ideologicamente.

Este Caçadores de Emoções (titulo português para não existirem confusões com o original) é sim o filme de ação perfeito para a geração verde de Al Gore e do marketing ambientalista que alude à urgência em preservar o planeta. E é sob esse registo que a obra de Ericson Core (Invencível), com o argumento de Kurt Wimmer (Equilibrium), se desenvolve como um banal ensaio de ação que vai ao encontro do seu mais íntimo dilema: ser um remake (seguindo os passos do antecessor de Kathryn Bigelow) ou motivar-se sob códigos do reboot (uma reinvenção do conceito).

Conforme seja a escolha, a verdade é que nenhuma destas formas é cumprida, visto que mesmo inserindo-se no protótipo radical pós-Youtube, Os Caçadores de Emoções falha por não conseguir elaborar personagens e relações sólidas nesta jornada, elementos que funcionaram no trabalho de Bigelow, em que o senso de “irmandade” marcava presença. Mas pior que esta tentativa de “bromance“, é o romance que é a certa altura estampado no enredo e que resulta num esforço totalmente inválido.

Sabendo que a intriga, reinventada como os produtores têm a tendência de proclamar, não funciona de todo com as suas preocupações “verdes”, é nas sequências de ação que o filme se apoia e aqui depositamos um misto de emoções, até porque esse é o único elemento que justifica a existência deste “reboot“; tudo parece ser uma injeção de adrenalina artificial com paraísos naturais como pano de fundo, sem “point breaks” e muito nirvana à mistura!

O melhor –As sequências de ação e os cenários escolhidos
O pior – a transformação da personalidade em relação ao original. A carência de personagens devidamente construídas.


Hugo Gomes

 

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