O local mais perigoso da Terra“, assim é descrito o pico mais elevado do globo neste novo filme do islandês Baltasar Kormákur (Contraband, 2 Guns), cuja carreira outrora promissora, parece agora tida como um simples tarefeiro de Hollywood.

Vergonhosamente, o seu Everest não chega a cumprir o papel de “bergfilme” (filme de montanha), ao invés disso aposta-se numa desculpa para o uso dos seus atributos técnicos para um espetáculo vangloriado em IMAX, e sob o oportunismo de se basear na trágica expedição de 1996. É certo que para os sobreviventes e familiares, e até mesmo todos aqueles que ousaram escalar a montanha, a emoção aqui encontrada é apenas um suplemento às suas memórias e experiências. Porém, para o simples espectador, o resultado é um embarque num ensaio sem espessura dramática, onde nem uma narrativa aguenta a “escalada”.

O inicio consegue deixar tudo por terra: um catálogo de localidades que mais soa a um guia turístico, seguindo a pique uma vertente de “filme-catástrofe” regido por todos os códigos do espetáculo circense. Nesta expedição, personagens é coisa que falta, mas não por culpa dos atores, integrados num elenco invejável (Jake Gylenhaal, Jason Clarke, Josh Brolin, Keira Knightley, Robin Wright e o sempre “desperdiçado” John Hawkes) mas repartidos em consequência dos seus mimetizados “bonecos”. O teor humanista também é coisa perdida e o que vemos como simples compensação são os ditos lugares-comuns, aqueles diálogos que se adivinham a milhas, os gestos que se espera, os acordes fundamentais e automáticos, e até os planos, que até o público menos conhecedor do campo cinematográfico já conhece.

Pois é, Everest transpira ao mais banal das produções cinematográficas. Visualmente sustém-se, mas é incapaz de oferecer-nos mais do que um anorético espetáculo de faz de conta. Eis um filme tão opaco e estruturalmente limitado, isento de qualquer dignidade para os alpinistas, os mesmos que arriscam a própria vida nos limites. Um fracasso!