Quinta-feira, 25 Abril

«The Little Death» (O Outro Lado do Sexo) por André Gonçalves

The Little Death” vem do francês “La Petite Mort“, que significa orgasmo, ou o estado algo inconsciente pós-orgásmico que muitos esperienciam após o sexo. Infelizmente, este filme de Josh Lawson (que também o escreve e co-protagoniza) está longe de ser a experiência orgásmica que o título sugere.

Pegando no modelo narrativo de “conjunto de histórias potencialmente ligadas entre si“, visto de uma forma mais reconhecível em filmes como Crash-Colisão ou Short Cuts – Os Americanos, Lawson apresenta-nos 5 histórias de 5 casais, e enuncia um rol de fetiches sexuais, do “role play” à “comum fantasia de se ser violado“, a alguns mais obscuros como o estímulo sexual por ver pessoas a chorar ou a dormir. Tudo interessante no papel, só que o que frustra aqui, para além das gargalhadas não surgirem propriamente em quantidade suficiente, é mesmo o tom superficial com que o tema é tratado, história a história, casal a casal.

Ao contrário de um Relatos Selvagens, estreado entre nós já este ano, as histórias não estão separadas, e é, por isso mesmo, de esperar que elas se cruzem a um ponto. O elo mais comum é uma personagem “simbólica” (?) de um novo vizinho, ex-condenado por abuso sexual, e por tal obrigado federalmente a revelar publicamente aos seus novos vizinhos – os 5 casais protagonistas. Tal como muito do filme, não funciona tão bem como pensa, e o método de comédia como repetição aqui chega mesmo a ser confrangedor aqui (para não dizer irritante).

A “pièce de résistance” aqui calha ser a história desenvolvida em último lugar, e por sinal a mais distante das restantes: o diálogo entre uma tradutora de língua gestual, um surdo a querer fazer sexo via telefone, e uma operadora de uma linha erótica. Fosse o resto do filme tão inventivo e divertido como este segmento, e tínhamos aqui motivos para falar mais sobre ele. Sendo assim, saímos desta pequena morte com um orgasmo fingido.

O melhor: A quinta história.
O pior: A superficialidade face a uma temática tão rica.


André Gonçalves

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