Quinta-feira, 25 Abril

«Maze Runner: The Scorch Trials» (Maze Runner: Provas de Fogo) por Hugo Gomes

Maze Runner: Provas de Fogo é a obra mais recente das três fatias da distopia juvenil – que parecem ter virado a tendência literária do momento – a ser adaptado para o grande ecrã. Uma “moda” que parece perdurar para os grandes estúdios lucrarem com uma revolução de marketing, que tão bem condiz com o espírito rebelde e quase anárquico da juventude atual.

Mas verdade seja dita, ao contrário de The Hunger Games, cujos últimos capítulos têm adquirido um certo gosto de provocação politica, espelhada no nosso dia-a-dia, Maze Runner conduz-se como um prolongado ensaio de ação sob uma narrativa exposta aos parâmetros do cinema de cerco (no caso do primeiro livro e filme). Uma distopia que por momentos pede emprestado influências aos territórios percorridos por Romero ou das críticas fantasiosas escritas por um Orwell, mas que dificilmente consegue envergar por uma realidade paralela credível.

Enquanto que no primeiro  filme, o absurdismo da sua intriga constituía de certa forma uma caricatura às matrizes do videojogo, neste segundo as influências referidas adquirem contornos mais exaustivos e o resultado está a vista de todos: uma sobreposição de lugares-comuns, “déjà vus” e mais premonições numa “aventura” em modo corrente.

Faltam sobretudo personagens (devidamente caracterizadas) e uma ênfase dramática que possa ser nivelada com entusiasmo (ou na ausência deste ponto, uma viragem assertiva para um teor mais “trash” e despretensioso). Sim, tal como o titulo indica (Maze Runner), a narrativa começa a correr e acaba por acelerar ainda mais, o “nitro” só desvanece numa falsa elipse que tinha tudo para corresponder a um assombroso “cliffhanger“; ao invés disso, apostou-se num “não percam os próximos capítulos”, e é possível até que vejamos mais um terceiro livro dividido em dois filmes de ritmos distintos.

Ação, romance de vez em quando, muito frenesim tecnológico, testerona juvenil e uma distopia sugestiva sem fulgor político-social são os ingredientes perfeitos para tornar Maze Runner: Prova de Fogo o mais recente êxito de bilheteira. Agora se é cinema fértil? Nem por isso. Verifica-se sim, o automatismo industrial que estávamos à espera. É visualmente “bonitinho”, com valores de produção invejáveis, mas é tão vulgar que chega a ser entediante.

O melhor – A produção
O pior – mais do mesmo no que refere a cinema industrial para a camada mais jovem


Hugo Gomes

 

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