Sexta-feira, 26 Abril

«Burying The Ex» (Como Enterrar a Ex) por André Gonçalves

Num ano em que M. Night Shyamalan volta à tona para gozar a sua melhor recepção crítica desde Sinais, é a vez do lendário “enfant terrible” Joe Dante se afundar ainda mais no poço…

Já longe da subversão da adaptação de Looney Tunes ao grande ecrã – o seu último grande sucesso, datando já de 2003 – Como Enterrar a Ex mal dá para as despesas deste Halloween. Há aqui sangue, tripas e vómito suficientes, mas falta terror e comédia a esta história moribunda de um rapaz (Anton Yelchin, não sabendo em que buraco se meteu) que vê a sua namorada, cada vez mais irritante nas suas motivações ambientais, morrer e regressar à vida para lhe fazer a vida negra, enquanto lhe aparece o verdadeiro amor da sua vida.

Praticamente metade do filme é gasto a expôr esta premissa, num filme que confunde quantidade com qualidade – sobretudo no que toca ao humor negro que tanto tenta passar, e que em qualquer das metades, se confunde na melhor das hipóteses com uma “sitcom” onde só faltam as gargalhadas gravadas da audiência – a banda sonora mal colocada já a tem…

As personagens? Sem qualquer vida para além dos propósitos a que se prestam. O enredo? Previsível, e por isso gradualmente entediante, à falta também de piadas que atinjam verdadeiramente o alvo, e sobre as quais se note que tenha existido uma grande inteligência na sua conceção.

Mais frustrante é saber que este foi o género que Dante aperfeiçoou precisamente (Gremlins!), e que tanto serviu de fonte de inspiração para muitos dos seus contemporâneos.

Uma das grandes desilusões desta mostra e deste ano. .

O melhor: Ser só hora e meia, e dado o tão pouco que oferece de terror/comédia, não maça por aí além…
O pior: Joe Dante usar hora e meia de película para mostrar-nos… 0% de criatividade.


André Gonçalves

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