Terça-feira, 23 Abril

«Minions» (Mínimos) por Hugo Gomes

A mais recente “mina de ouro” da Universal Pictures teve direito ao seu espaço a solo no cinema. São os Minions (Mínimos), os ajudantes “fofos” mas igualmente descarados do grande êxito de 2010 Despicable Me (Gru, O Maldisposto). Esta personagem secundária coletiva tem adquirido uma tremenda legião de fãs insaciáveis por mais e talvez seja por esse motivo que a sequela de Gru, produzida em 2013, tenha sido prejudicada, visto que os produtores tiveram mais preocupações com os desejos do público do que supostamente com a própria saúde do filme.

Todavia, neste spin-off, não há Gru, nem meninas adotadas, nem coisa que o valha. Há sim os Mínimos (e com “fartura”), que se inserem, agradavelmente, num estilo de humor universal, ou seja, mais físico. No mesmo ano que vimos Shaun The Sheep (A Ovelha Choné), dos estúdios da Aardman, a ter a sua oportunidade cinematográfica e a vingar-se como descendente animado de um Buster Keaton ou de Charles Chaplin, Minions tornam-se assim a mais recente invocação desse estado de graça. Kyle Balda e Pierre Coffin criaram um filme de grande comercialidade em qualquer parte do Mundo, e tudo de uma forma simples e astuta, quer no seu jeito slapstick, onde não faltam alusões “maliciosas” e referências culturais. Sim, esta é uma obra animada foliona, inteligente e graciosa para a mais vasta das idades, principalmente para os adultos.

Mas nem tudo são “rosas”, até porque a Universal Pictures não é a Aardman e ambiciona um pouco mais no seu conteúdo. O problema surge nas novas personagens secundárias, sem a mesma força dos Mínimos e sem grande criatividade, para além do trabalho do elenco vocal. Nesse sentido, o estúdio parece aprender com a Dreamworks Animation. Fora isso, temos aqui um conjunto de gags imperdíveis e referencias a uma década bem especial: os anos 60, o final para sermos mais exatos, onde não faltam piadas sobre o Vietname (curiosamente com um “piscar de olhos” a Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola), Bonnie & Clyde, o caso Watergate, a chegada à Lua e até mesmo o feminismo, proclamado por uma vilã, Scarlett Overkill (com voz de Sandra Bullock), que afirma ser a primeira grande Mulher no mundo do crime.

Sim, existe muito mais neste Minions do que os bonecos “adoráveis” que já viraram uma poderosa máquina de merchandise.

O melhor – os gags e a criatividade em torno dos Minions
O pior – as personagens secundárias


Hugo Gomes

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