Terça-feira, 23 Abril

«After the Ball» (12 Badaladas de Amor) por Jorge Pereira

O verão tem destas coisas. A chamada “silly season” é povoada de blockbusters e pelo meio surgem nas salas obras de menor dimensão cuja única função é tapar buracos na programação (uma espécie de cinema para encher chouriços). 12 Badaladas de Amor é apenas e só isso, manifestando-se um produto mercantilizado e contrafeito com o seu estilo “crowdpleaser” ingénuo / sonhador por questões comerciais; daqueles filmes que se vendem por apresentarem temas como a luta contra a injustiça, a emancipação em relação ao legado familiar, a perseverança (“luta pelos teus sonhos!!”) e um empreendedorismo  que mais parece “para tótós”.

Misto de Cinderela com O Diabo Veste Prada, com alguns toques da Noite de Reis de Shakespeare  (ou filmes como Tootsie e Mrs. Doubtfire) e fortes raízes televisivas, em 12 Badaladas de Amor seguimos Kate (Portia Doubleday) uma rapariga que sonha em ter uma carreira de estilista (na Prada, por exemplo) mas que se vê forçada a aceitar um lugar na empresa do pai (Chris Noth), o qual fez fortuna no mundo da moda. Os problemas surgem quando ela percebe que a controlar a empresa está a sua madrasta, uma cínica mulher com duas filhas  – tão idiotas e fúteis como malvadas – que, igualmente, trabalham para ele.  Desprezada, humilhada e demitida por algo que não fez, Kate decide encontrar um disfarce que lhe dê credibilidade, transformando-se em Nate, um alter ego masculino com o qual tentará provar as suas capacidades. Pelo meio, claro, há um “príncipe encantado”, tão sensaborão que só está presente porque isto, afinal, é uma comédia romântica, caso nos fôssemos esquecer.

Todo o enredo é um cliché pegado, daqueles vistos e revistos, que até podia ser atenuado se as personagens tivessem algo de diferente ou de novo a dizer ou a estética se destacasse. Na verdade, isso nunca acontece e o que nos aparece perante a vista é um amontoado de lugares, personagens e situações comuns, tão esbatidas como qualquer peça de roupa manhosa após algumas lavagens. 

Para um filme contemporâneo sobre moda, é estranho não haver uma única ideia original por aqui. Nisto, Sean Garrity – realizador – mostra-se apenas e só um «tarefeiro» ao serviço de um guião pobre e demasiado remendado por Kate Melville e Jason Sherman. A evitar.

O Melhor: Portia Doubleday (embora faça lembrar Amanda Seyfried demasiadas vezes)
O Pior: Uma manta de retalhos totalmente cliché


Jorge Pereira

Notícias