Sábado, 27 Abril

«Une Heure de Tranquilité» (Não Perturbar) por Duarte Mata

Terrível a tarefa do crítico que na mesma ocasião tem de falar de Ted 2 e de Não Perturbar, o mais recente êxito do cinema francês. Comecemos por dizer que o realizador de Une Heure de Tranquilité (no título original), Patrice Leconte, não autorizou visionamentos de imprensa para “não afectar a promoção do filme”. Dito isto, dá para entender que tem noção dos resultados do seu trabalho. Trata-se de uma típica comédia de alta-burguesia (ou, como é comummente designada “comédia de costumes”, e destas devemos esperar muitas após o resultado comercial de Que Mal Fiz eu a Deus?): há mulheres e maridos infiéis, há amantes ternurentos, há empregados “chico espertos”, há filhos apegados a causas humanitárias. Desta feita, roda tudo à volta de Michel, um dentista egocêntrico (a cargo de um Christian Clavier frenético) que, após adquirir o primeiro álbum do cantor de jazz Neil Youart (o leitor não perca tempo a pesquisar, é fictício) está permanentemente a ser interrompido pelas personagens do seu quotidiano e incapaz de ouvir o mesmo.

Há a mais valia da ação ser praticamente toda em tempo real, coisa rara no cinema mainstream e um final doce e mais eficiente que, propriamente, forçado. Mas não é capaz de resistir aos estereótipos (o funcionário português é, no mínimo, lamentável) nem de levar o humor por caminhos já pisados, arrastados e de que já conhecemos cada lomba. Para além disso, Leconte não dirige, limita-se a perseguir a sua vedeta, procurando formas de a filmar da forma menos cansativa nos encontros que lhe colocam à beira dum ataque de nervos. Mas é sol de pouca dura e, a dada altura, somos nós que pedimos por uma hora de tranquilidade após a visualização.

O melhor: A ação em tempo real e o final.
O pior: A previsibilidade.


Duarte Mata

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