Quando se trata de escolher papéis em filmes que de alguma forma metem um avião, ninguém bate Samuel L. Jackson. Ele, que já teve de lutar contra cobras numa aeronave, é aqui o presidente dos EUA, um homem com a cabeça a prémio por parte de um terrorista psicopata. É algures no espaço aéreo da Finlândia que o Air Force One é atacado, acabando o presidente por ser evacuado do avião e ficar entregue à sobrevivência numa floresta remota. Aí, ele só vai contar com a ajuda de um miúdo de 13 anos, um petiz que tem nesse mesmo dia que provar ao pai e a toda uma geração de caçadores que está pronto para assumir o legado familiar.
Extremamente bizarro e completamente “over the top”, Big Game vai soar como o filme mais idiota e hollywoodesco do ano, mas no fundo é completamente e assumidamente um produto de ação “camp” ao estilo dos anos 80, com claras referências ao cinema de Spielberg e George Lucas, e que até pode ganhar um pequeno lugar de culto, nem que seja por vermos Samuel L. Jackson com uma manta às costas a imitar ET- O Extraterrestre, ou então uma arca congeladora que aparece no meio do nada para servir como veículo de fuga [elevando a fasquia dos filmes Indiana Jones]. Ah, e temos o velhaco do Ray Stevenson com uma bala a milímetros do coração que a qualquer momento o pode matar.
Repleto de “one liners” e diálogos absurdos, um enredo onde não falta o típico vilão dos anos 80 que é tão mau que até tem o nome de lobo solitário (Chuck Norris ia adorar), uma criança que tem de provar estar preparada para a idade adulta, e até secundários de luxo em papéis propositadamente cliché mas eficazes (Jim Broadbent e Felicity Huffman), Big Game é um curioso regresso ao cinema de Jalmari Helander, ele que passou grande parte da sua vida a desmascarar o pai natal nas suas curtas e longa Rare Exports.
O Melhor: Samuel L Jackson escapa numa arca congeladora através de um penhasco, riacho, etc
O Pior: Levarem (de alguma maneira) este filme a sério
Jorge Pereira