Sexta-feira, 29 Março

«Poltergeist» por Jorge Pereira

Uma família (um casal e três filhos) com alguns problemas financeiros muda-se para uma área suburbana e começa a ser fustigada por situações estranhas, resultando mesmo no desaparecimento da sua filha mais nova. O que estará por trás desse desaparecimento e o que podem eles fazer para recuperar a benjamim da família?

Apesar de existir obviamente uma certa nostalgia em rever Poltergeist nos cinemas, o resultado desta fita assinada por Gil Kenan revela apenas uma coisa: estamos perante uma operação de cosmética que nada acrescenta ao original e que se revela efémera e totalmente dispensável nos dias que correm.

E isso nem está apenas ligado ao facto desta obra se agarrar em demasia ao material original, mas principalmente porque nos últimos 30 anos assistimos a filmes com temáticas semelhantes e que souberam contornar e até quebrar alguns clichés. Basta apenas pegar em dois exemplos recentes: os inevitáveis Atividade Paranormal e O Senhor Babadook. Todos eles têm em comum o facto de termos famílias (“tradicionais”/monoparentais) fustigadas por elementos estranhos/espíritos, mas cada um – à sua maneira – soube destacar-se do “rebanho”, nem que seja por meras opções estéticas e de procedimentos (Atividade Paranormal), ou então no carregar do drama e no estudo das personagens que o levaram para além do filme normal de género (Babadook).

Por isso, e ainda com Insidious, The Conjuring e outros espíritos metidos ao barulho [nem vale a pena falar da “frente asiática” neste tema, senão não saímos daqui], este novo Poltergeist apresenta-se apenas e só como um objeto caducado no propósito, estética e resultado. Uma máquina de fazer dinheiro descartável cujo valor máximo é o entreter momentaneamente.

Para além do mais, e apesar de Sam Rockwell e Rosemarie DeWitt conseguirem criar personagens minimamente consistentes, espanta o argumento de David Lindsay-Abaire ser tão pouco arrojado e tão insistentemente agarrado a imagens chave do primeiro filme, como a tempestade, a árvore, o palhaço e a televisão, havendo até um desperdício das novas tecnologias como forma dos «fantasmas se divertirem». Nisto, vê-se logo outro dos maiores dramas desta produção. Para além de não ser particularmente assustadora, esta atualização do conceito precisava já de um upgrade.

O Melhor: Tecnicamente tem a qualidade dos produtos atuais do cinema de horror
O Melhor: Não acrescenta nada ao original e não se destaca dos filmes atuais do género.


Jorge Pereira

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