No espaço de 5 anos foram feitos dois filmes em torno do caso do rapto de Freddy Heineken, mas nenhum deles conseguiu fugir ao tom corriqueiro, genérico e até entediante, daquele género de obras que só os nos agarram mesmo quando nos plantamos no sofá num domingo à tarde (e nem está sol na rua).
O caso remonta a novembro de 1983, quando o dono da famosa empresa de cerveja e o seu motorista foram sequestrados por quatro homens que pediram uma enorme soma em dinheiro.
Este O Rapto de Freddy Heineken tenta contar todos os passos do caso, apresentando logo à partida as motivações dos criminosos (problemas financeiros, bebés a caminho), os preparativos para o rapto, o sequestro em si, a interação dos homens com os raptados, a fragilidade psicológica de todos, as dúvidas que surgem à medida que o tempo passa e, claro, o desenlace de tudo.
Sem qualquer tipo de surpresa para quem conhece o caso real, com uma realização genérica de Daniel Alfredson – responsável pelas duas sequelas nórdicas da saga Millennium (A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo, A Rainha no Palácio das Correntes de Ar ) – e atores entregues a personagens superficiais sem carisma [onde nem Anthony Hopkins escapa a uma presença em piloto automático], o filme cai ainda no erro de “americanizar” a ação, esquecendo que isto não aconteceu no Texas e que há especificidades locais terrivelmente descuradas [Baltasar Kormákur mostrou como se faz isso com o localizado Reykjavík Rotterdam e o remake mais universal, Contrabando].
O resultado final é um trabalho medíocre, raramente energético e essencialmente dispensável, sendo preferível até perder tempo com o livro do jornalista holandês Peter R. de Vries sobre o caso, que não é nenhuma obra prima mas serviu de fonte para os dois filmes executados.
O Melhor: Uma ou outra cena de ação mais conseguida
O Pior: Genérico, sem carisma, previsível e até enfadonho
Jorge Pereira