Matthew McConaughey quer morrer e para isso viaja dos EUA, onde reside, para o Japão, mais concretamente para Aokigahara, para a chamada “Floresta dos Suicídios“, o local que nos últimos anos tem atingido um recorde do número de pessoas que põem termo à vida.

Só por esta premissa era de prever o quanto difícil seria um filme sobre este tema, e muito mais para um homem tão moralista como Gus Van Sant (vencedor da Palma de Ouro em 2003 com Elephant). The Sea of Trees poderá ser visto como um produto falhado, uma invocação mista do drama mais lamechas com o perigoso território já pisado por M. Night Shyamalan, mas uma coisa é certa, não vamos pintá-lo como fosse a pior coisa do mundo.

Aokigahara assume-se como um cenário perfeito, atmosférico e eficazmente sinistro, funcionando quase como uma personagem própria e animada, mas o pior está para vir. Não me refiro à entrada de Matthew McConaughey neste domínio, nem mesmo o perdido Ken Watanabe, ambos enclausurados numa floresta que parece não querer largá-los.

Não, o pior deste The Sea of Trees é o seu argumento (da autoria de Chris Sparling, o mesmo por trás de Enterrado), que é facilmente corriqueiro, involuntariamente cómico e muito dado a pedagogias de auto-ajuda dignas dos livros de género (por pouco não caía em terreno religioso, mas isso é outra conversa). A acompanhá-lo temos uma narrativa preguiçosa que recorre maioritariamente a flashbacks para o desenvolvimento do enredo principal.

Triste, visto que o potencial da nova obra de Gus Van Sant está à vista de todos. A força do desempenho de McConaughey é evidente, o teor paranormal adquirido a certa altura estabelece certos pontos de interesse e a realização é versátil o suficiente para aguentar a pedalada. Mas quanto ao titulo do “pior filme da sua carreira”, por favor, será que existe algo pior que a preguicite crónica por detrás do remake de Psico? Será?

Pontuação Geral
Hugo Gomes
the-sea-of-trees-por-hugo-gomesUma espécie de "auto-ajuda" condenada ao fracasso ...