Sábado, 20 Abril

«A Long Way Down» (Um Grande Salto) por Jorge Pereira

Treze anos depois de escrever Febre no Estádio (1992), o britânico Nick Hornby assinou Um Grande Salto (2005), obra cuja estranha premissa acompanha uma passagem do ano e quatro estranhos que se dirigem ao Topper’s House, o local mais popular para a prática do suicídio do Norte de Londres, para colocarem um fim nas suas vidas.

Depois de Alta Fidelidade (2000) e Era uma vez um Rapaz (2002), este Um Grande Salto chega aos cinemas sob a liderança de Pascal Chaumeil, cineasta francês que não tinha deixando grandes recordações após duas comédias românticas subaproveitadas: O Quebra Corações (2010) e Um Plano Perfeito (2012). Ainda não é com este filme que o realizador se redime nem larga a sua visão de cinema mais próxima do mundo da publicidade, mesmo havendo aqui um apelo tão universal e emocional que certamente atrairá o público habituado a cinema ligeiro e de consumo fácil, os curiosamente apelidados de “filmes de domingo à tarde“.

Martin (Pierce Brosnan), Maureen (Toni Collette), Jess (Imogen Poots) e JJ (Aaron Paul) são quatro pessoas insatisfeitas com o rumo das suas vidas. Se uns querem regressar à ribalta, outros querem apenas ser notados. Também há quem queira apenas um pouco da paz. É no topo desse edifício que todos se vão confrontar e encontrar um novo rumo para as suas vidas, nem que seja darem uma nova oportunidade a si mesmos, pelo menos até ao dia dos namorados (14 de fevereiro).

Com um elenco recheado de nomes conhecidos,  Um Grande Salto perde logo alguns pontos em relação à obra literária em que se baseia, em particular no tom negro do humor, caindo paralelamente e por diversas vezes em arranjos demasiado simplistas e apressados, reviravoltas típicas de uma narrativa forçosamente leve, e um sentido de previsibilidade em doses extremas. Curiosamente, acaba por ser Brosnan e Collette que se destacam, ele como um apresentador famoso caído em desgraça e ela como uma mulher presa a uma vida onde pouco mais pode fazer que cuidar do filho.

Se procuram um filme ligeiro que entretenha e sirva como guião de auto-ajuda, então talvez esta seja uma boa opção, mas com um tema tão sério estranha-se que tantas neuroses sejam tratadas mais como caprichos do que assuntos verdadeiramente exasperantes capazes de levar alguém ao topo de um edifício. Chaumeil tinha aqui a hipótese de realmente dar um grande salto e estatelou-se no chão.

O Melhor: O elenco e alguns momentos de humor negro
O Pior: A direção simplista e previsível do argumento e da realização de Chaumeil


Jorge Pereira

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