Quinta-feira, 25 Abril

«Cake» (Cake – Um Sopro de Vida) por André Gonçalves

Muito antes de ter estreado, Cake já tinha feito escorrer tinta ao ter sido alvo de polémica pela sua campanha mais agressiva que o costume para um filme de tão baixo orçamento. No final, a atriz acabou por falhar uma quase certa nomeação ao Oscar.

De qualquer das maneiras, para a posterioridade fica a performance. E com ou sem nomeação à estatueta dourada, o que é certo é que o seu papel aqui ainda é a cereja no topo de uma película que não sabe muito bem para onde se dirigir (um pouco à imagem da protagonista, é certo) e que relega talentos como William H. Macy, Felicity Huffman, Adriana Barraza, Anna Kendrick e o próprio “it boy” Sam Worthington para papéis de cartolina barata.

Aniston é Claire, uma mulher cuja vida chegou a um impasse após ter sofrido um grave acidente que lhe causou dores constantes que lhe impedem até de estar sentada no carro que a sua empregada (mexicana, adivinharam) conduz. Depressiva, viciada em drogas e armada de mau humor como defesa pessoal, vê a sua vida dar um desvio interessante com o suicídio de uma colega do grupo de suporte, que faz com que queira conhecer esta vida recém-perdida, como mecanismo de compensação pelo facto de não conseguir viver a sua própria. E sim, a morta reaparece a Claire, como anjo especial. E fiquemos por aqui.

Cenas individuais vão funcionando de tempos a tempos, consoante a tolerância do espectador a “sitcoms” pontuadas de uma ou outra nota dramática sacada à pressão, mas de facto tudo aqui parece não fazer grande sentido, se tirássemos a boa – se não propriamente brilhante/melhor da carreira – interpretação da protagonista a dar o máximo possível a uma figura que não existe para além do que tenta incorporar. Pena, porque Aniston já brilhou ainda mais alto quando o material esteve à sua altura (relembrando aqui The Good Girl – se tivesse voto na matéria, esse teria sido “O” filme a levá-la ao palco mais observado do mundo). Sendo assim, fica a prova para quem não esteve atento no passado que sim, estamos perante uma atriz digna, mas uma atriz que precisa de escolher melhor os projetos – quer para Oscar, quer para as bilheteiras.

O melhor
: Jennifer Aniston
O pior: O filme que deambula todo à volta dela, sem fazer grande sentido a não ser como veículo gratuito.


André Gonçalves

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