Sexta-feira, 19 Abril

«Paddington» por Jorge Pereira

 

 Baseado numa personagem criada por Michael Bond no final dos anos 50 e que figurou em dezenas de livros infantojuvenis, Paddington é uma coprodução franco-britânica que mistura CGI e imagem real para nos contar a história de um pequeno urso pardo originário das florestas do Peru e que após um terramoto com consequências dramáticas faz uma longa viagem até Inglaterra, à procura de um novo lar.

Perdido numa estação de comboios (de Paddington, em Londres), ele será «adotado» pelos Brown, uma família que, ao perceber a sua situação, decide dar-lhe guarida por algum tempo, mesmo com as reticências do patriarca. A partir daqui começa uma aventura familiar em busca das suas origens e de uma casa, enquanto tem de fugir dos planos de uma obcecada taxidermista (Nicole Kidman) que vê nele uma peça indispensável para a sua coleção de animais empalhados.

Paddington é claramente um bom exemplo de como adaptar uma personagem literária criada há mais de 50 anos aos tempos modernos sem «vender a alma» ao diabo, ou seja, sem carregar apenas visualmente os cenários e interpretações, esquecendo o espírito com que foi criado. Visualmente, em especial na sua cenografia, Paddington soa a Wes Anderson para miúdos, enquanto tecnicamente (animação gráfica) surpreende pela sua qualidade na expressividade do animal propenso a muitas trapalhadas slapstick, seja numa casa de banho, seja numa «guerra» com fita-cola…

E se todo o seu enredo é tendencialmente uma amostra do típico filme familiar à antiga, repleto de bons valores, com mensagens alegóricas ao multiculturalismo, a verdade é que há aqui humor e pequenos detalhes capazes de o transformar numa peça de pequeno culto, especialmente pelos mais pequenos, a quem o filme principalmente se destina.

Uma nota para a interpretação doce de Sally Hawkings, hilariante de Julie Walters e amarga de Nicole Kidman, esta no papel da grande vilã, uma espécie de Cruella com um particular conjunto de habilidades físicas e tecnológicas.

O Melhor: A cenografia, alguns detalhes de humor
O Pior: É um produto com limitações para os adultos


Jorge Pereira

Notícias