Quinta-feira, 25 Abril

«The Theory of Everything» (A Teoria de Tudo) por André Gonçalves

Para muitos, um dos maiores génios do século passado, a verdade é que Stephen Hawking desde cedo superou expetativas, primeiro por razões científicas – ao desenvolver uma teoria capaz de explicar todos os fenómenos que ocorrem no Universo, depois por razões pessoais – ao lhe ser diagnosticado com a doença do neurónio motor, degenerativa, que lhe dava uma esperança de vida muito diminuta (aos 21 anos), sendo que ainda hoje, Hawking sobrevive ao tempo que tanto lhe dedicou tempo.

Perante tanta subversão de expetativa, é inicialmente desapontante verificar que A Teoria de Tudo não poderia ter sido mais linear ou mais bem comportado – traçando um ponto de comparação inevitável, o seu conterrâneo nomeado ao Oscar de Melhor Filme, O Jogo da Imitação, parece ainda mais audaz em retrospetiva após o visionamento dos dois filmes no espaço de uma semana, e pelo menos com mais personalidade a nível de realização.

Ambos são, no entanto, herdeiros de uma tradição de filmar bons “biopics” feita na Grã-Bretanha, que pelo menos, não borra a pintura, i.e., não há também aqui falha nenhuma a apontar a nível técnico, de reconstituição de época, e de direção artística face ao propósito essencial. Por isso, também se torna difícil cascar neste bom aluno que é James Marsh, cujo filme anterior, o documentário Homem no Arame prometia um cineasta diferente do que temos aqui – não necessariamente melhor, mas mais rebelde, digamos. E também aqui se justificam as nomeações aos Oscars. Eddie Redmayne no seu “jogo de imitação” é virtualmente infalível, e Felicity Jones, com a nomeação retroativa que já merecia por Like Crazy há uns anos atrás, é apropriadamente cativante.

Não sendo o filme capaz de fazer jus à figura que retrata, também é difícil falar mal de um filme tão competente e que não salpica o charco, para o melhor e para o pior. A ver, sobretudo pelos completistas dos Oscars, e pelos remotamente interessados na vida de Hawking, partindo do filme como base para uma investigação mais profunda e menos… académica.


André Gonçalves

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