Quinta-feira, 28 Março

«Night at the Museum: Secret of the Tomb» (À Noite no Museu: O Segredo do Faraó) por José Raposo

Para a terceira incursão pelo mundo onde as estátuas do museu ganham vida ao pôr do Sol, o realizador Shawn Levy (que realizou os anteriores filmes) e a equipa de escritores David Guion e Michael Handelman (estreantes na franquia) lembraram-se de expandir horizontes e mudaram-se de armas e bagagens para a Europa: a tábua que dava poderes às peças está a perder a sua magia e, para evitar que isso aconteça, Larry (Ben Stiller) e os seus companheiros de aventuras têm que visitar um faraó (Ben Kingsley) que se encontra no Museu Britânico, em Londres.

O humor que daqui resulta é aquele que se espera de uma produção que se propõe a pouco mais do que entreter um público jovem, pré-adolescente: quando funciona, e no caso concreto de À Noite No Museu, isso equivale aos momentos em que Ben Kinglsey e Ricky Gervais (que aqui repete o seu papel de presidente do Museu Americano de História Natural) aparecem em cena, esse humor é marcadamente “camp“, todo ele artificio e exagero. Nos momentos mais inspirados no filme vemos Gervais a reagir de forma incrédula quando Larry lhe revela a existência da tábua com poderes mágicos, numa representação cheia de maneirismos que cumprem o seu propósito, que é o de fazer rir. Pena é que não tenha havido margem maior para improvisação: nos momentos mais engraçados de Gervais fica-se com a sensação de que aquilo resultou mais ou menos ali na hora, com uma alguma espontaneidade que só peca por não ter sido mais acentuada.

Valerá ainda a pena comentar a sequência que assinala a passagem para o segundo acto do filme, e que assinala a chegada dos protagonistas a Londres. É uma curta sequência, montada ao som de “London Calling” dos The Clash (os maiores, não tenham dúvidas), e que serve para estabelecer o contexto da ação que virá a seguir. O que é aqui interessante é a atenção dada a uma renovada “paisagem iconográfica” da cidade, que em tempos recentes teve um aumento significativo de construções de grande porte, alimentadas pelo fluxo do “capital malandro”, e que deviam entrar em choque com a escolha dos The Clash, que para todos os efeitos ainda é música de resistência.

À Noite No Museu é também uma oportunidade para apreciar um dos últimos papéis de Robin Williams, secundário em todos os sentidos, mas sempre empenhado em apagar o cinzentismo das coisas da vida.

O melhor: Mais uma oportunidade para ver Robin Williams no grande ecrã.
O Pior: Não havia grande motivo para continuar a franquia, e isso nota-se nos “gags” repetidos e readaptados dos filmes anteriores.


José Raposo

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