Sexta-feira, 19 Abril

«Teenage Mutant Ninja Turtles» (Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes) por Hugo Gomes

Os quatro quelónios dotados de artes marciais são as novas “vitimas” de remake/reboot por parte da Platinum Dunes, a produtora gerida por Michael Bay que se especializou principalmente em refilmagens de clássicos de terror.

Criadas em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird, as TMNT (Teenage Mutant Ninja Turtles) foram um exemplo de sucesso na BD que instantaneamente se expandiu para outras plataformas, nomeadamente para o pequeno ecrã numa bem sucedida série de animação, e ao mesmo tempo constituindo uma linha de brinquedos que ainda hoje perdura. Mais tarde, e como habitualmente acontece com toda matéria prima de êxito, é requisitado então uma aparição cinematográfica.

Neste caso, as quatro “tartarugas ninjas” (Leonardo, Donatello, Rafael e Michaelangelo) figuraram três filmes independentes nos anos 90, cujo primeiro desse mesmo franchise deteve, até ao ano 1999 o titulo de produção independente mais rentável, tendo conseguido mais de 200 milhões dólares em receitas em todo o Mundo – em comparação com o orçamento de 13 milhões de dólares. Em 2007 surge outra longa metragem, mas agora animada e sob um tom mais negro, aliás, fiel à banda desenhada.

E assim chegamos ao cunho de Michael Bay, onde o seu “aprendiz”, Jonathan Liebesman, toma rédeas na realização e dirige um filme que praticamente sobrevive dos seus efeitos visuais e das sequências de ação que enchem olho. Porém, nesses atributos tecnológicos, Tartarugas Ninjas – Heróis Mutantes apresenta falhas inadmissíveis para as produções dos dias de hoje, sequências corrompidas por um fracassado efeito de raccord e pela artificial interação entre atores de “carne e osso” e as criaturas digitalizadas. Megan Fox lidera uma história sem profundidade e escrita, sem pensar e sem se preocupar com isso. Depois dos robôs de Transformers, Fox funciona mais uma vez como o símbolo sexual num mundo governado pelo facilitismo da tecnologia, porque em termos interpretativos, verdade seja dita, a atriz é uma “nódoa”, ainda mais quando persistem em atribuir-lhe o protagonismo.

Mas Tartarugas Ninjas não foi concebido para ser mais um “Nolan kind of movie” e é o tipo de produção junk food para consumir sem pretensões e sem grande esforço. Contudo, não é de todo uma má experiência no ramo do entretenimento inconsequente e vamos ser claros e diretos. Existem, sim, gags divertidas e um humor digno das primeiras aparições animadas das tartarugas, que certamente irão deliciar as audiências mais despreocupadas. São os quatro répteis isentos de personalidade que resultam no melhor de uma previsível e apressada fita pipoqueira, que parece somente ter saído do papel para demonstrar ao Mundo que afinal Whoopi Goldberg encontra-se “vivinha da Silva“.

Em suma, este é um filme que não aquece, nem arrefece no universo geek já construído destes mutantes heróis. Mas de uma vez por todas conseguimos esquecer que um dia Vanilla Ice partilhou o ecrã com estas personagens. “Go Ninja Go” nunca mais!

O melhor – o humor
O pior – os efeitos visuais e a interacção desta com o real


Hugo Gomes

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