Sábado, 20 Abril

«Les Gamins» (Os Putos) por Duarte Mata

 

O despertar de um quinquagenário angustiado (aqui interpretado por Alain Chabat) para os anos que lhe restam, pelas mãos de um rapaz mais novato (Max Boubli), já é conhecido do cinema comercial francês, nomeadamente pelo filme Intouchables (Amigos Improváveis) de há poucos anos. Em Os Putos, o olhar superficial que era conferido à diferença de etnias e a uma paralisia, recai na transição para a idade adulta e nas responsabilidades do casamento (trata-se de uma relação sogro/genro), acompanhado por uma realização, moralismo e afins técnicos despojados, já muito vistos e característicos do mainstream.

Salva-se um humor bem controlado na primeira parte, que inclui um retrato caricatural feito a teen pop stars, magnatas iranianos, fetiches com a comida vegetariana e redes sociais, tornando o filme, por um lado, preso a este tempo (e portanto facilmente esquecível), por outro numa comédia funcional, também nostálgica da década de 80, género “lá atrás é que era”, muito semelhante a Ted.

De realçar a banda sonora, de Alphaville a uma veneração fora do normal a Iggy Pop (num cameo tão bem-vindo) e ao seu álbum Lust For Life, fora a música original da autoria do próprio realizador, Anthony Marciano, que tem aqui a sua estreia cinematográfica.

O melhor: A banda sonora e o humor caricatural na primeira parte.
O pior: O drama tornado lição de moral que acaba por prevalecer.


Duarte Mata

Notícias