Baseado na experiências da infância do cineasta Karzan Kader, que viajou com sua família do Curdistão iraquiano para a Suécia, Bekas – o qual é também era o nome de uma curta metragem deste realizador- segue a história de Zana e Dana, dois meninos órfãos que querem deixar Iraque e ir para a América a fim de encontrar o Super-Homem – o que poderia, de acordo com Zana, ajudar a livrarem-se de Saddam Hussein e até mesmo ressuscitar os seus pais.
Como tal, o que aqui assistimos é uma jornada épica de dois pirralhos, não só para a América, mas também para a vida adulta, uma vez que ambos têm que passar por situações adversas para chegar ao seu destino, como lidar com um burro apelidado de Michael Jackson, atravessar a fronteira e encarar situações de risco devido à guerra.
Construído a partir do ponto de vista de ambos, o que implica uma doce, terna e ingénua maneira de ver as coisas, Bekas (que etimologicamente significa solitário / impotente) é assim uma fábula moderna cheia de lições de vida, esperança e perseverança. E é numa mistura de firmeza e total inocência de como as coisas realmente funcionam no nosso mundo (algo típico em filmes liderados por um olhar infantil das coisas) que reside a beleza e sensibilidade desta obra, que apesar de ser um verdadeiro crowd-pleaser com muito humor, nunca se esquece de nos dar uma olhar intimista e dramático sobre o conflito curdo no Iraque, o qual se arrasta quase há um século.
O Melhor: A mistura do humor e drama
O Pior: Tem naturalmente limitações
Jorge Pereira
