Quinta-feira, 28 Março

«Love Punch» (Golpe de Amor) por Nuno Miguel Pereira

O género “comédia romântica” leva sempre muita gente à sala de cinema. Tem uma clientela fidelizada, pouco ambiciosa na procura, que não se importa de observar uma série de lugares comuns, desde que no fim observe romance e humor. Ora, uma comédia romântica que seja apenas romance, ou apenas comédia, é “coxa”. Pior serão aqueles que se auto-intitulam como comédias românticas, mas cujo filme se resume no trailer e onde tudo o resto são meros penosos minutos (às vezes horas) em que as repetitivas vezes que olhemos para o relógio serão o presságio do falhanço que, convenhamos, não é completamente inesperado.

Em Golpe de Amor ficamos a maioria do tempo a pensar onde estará a comédia e o romance, sendo-nos oferecido em troca um cenário tão engraçado quanto a situação económica do país.

A história centra-se em Richard (Pierce Brosnan) e Kate (Emma Thompson), um casal de divorciados que se vê na penúria, depois de Richard ter vendido a sua empresa. Ora, como qualquer cidadão comum, decidem unir forças para roubar o executivo francês que os deixou na pobreza, tentando-lhe tirar um colar que valerá 10 milhões de dólares – quantia que atendendo à situação dos dois, não chegaria para fazer face às despesas, mas, neste caso, é melhor não entrar no campo da plausibilidade.

Desta forma, Joel Hopkins, que realiza e assina o argumento, está a tentar sedimentar a sua posição no campo das comédias românticas séniores sem piada. Se bem que este consegue ser pior que o seu antecessor, A Um Passo do Amor (protagonizado também por Emma Thompson e Dustin Hoffman). Aqui, as únicas piadas que resultam (e são mesmo muito poucas) têm que ver com referências a outros filmes. Desde já, obviamente, as tiradas referentes a James Bond (personagem que Pierce Brosnan interpretou, já lá vão uns anos) – o que equivale a dizer que o Pierce Brosnan faz caretas à 007, para além de nos lembrarmos igualmente de O Caso Thomas Crown.

Todavia, funciona tudo tão pouco nesta obra que a única coisa que o cidadão comum ganhará em vê-la é uma grande desilusão. É certo que com a mestria desta dupla de protagonistas (principalmente Emma Thompson), o filme acaba por não ser um perfeito descalabro. Apenas é insípido.

O Melhor: Emma Thompson e algumas referências a outros filmes.
O Pior: Tudo o resto


Nuno Miguel Pereira 

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