Peter Parker (Andrew Garfield) parece ter por fim encontrado o equilíbrio entre ser o Homem-Aranha e a sua relação com Gwen Stacy (Emma Stone). Contudo, ele é ainda abalado pelos “fantasmas” do passado, pelo regresso de velhos amigos e a chegada de novos inimigos. Quanto mais fundo Peter Parker persegue esses “fantasmas”, mais se aproxima da maior de todas as suas batalhas.

Marc Webb, realizador da pérola indie (500) Dias com Summer e do primeiro e satisfatório O Fantástico Homem-Aranha, revelou recentemente durante o evento SXSW que na produção deste segundo filme foi induzido pelo estúdio em utilizar e abusar dos CGI, efeitos visuais e sonoros que pudessem coligar com a tecnologia 3D, ainda visto hoje como uma clara atracção cinematográfica circense, a fim de auferir uma grandiosidade visual. E talvez seja por isso que esta nova aventura de o Homem Aranha seja um mimo para vista, um objeto minado de uma linguagem de videojogo capaz de agradar às audiências. Mas tal como um “pacto com o Diabo“, tais decisões trazem consigo consequências graves do foro narrativo e de ênfase dramática.

O produto de Marc Webb possuía potencial para mais do que um simples blockbuster inconsequente e visualmente pomposo, mas nada feito. A carga dramática que o realizador incorre é jogada para o segundo plano, transformando com isso as suas personagens em seres unidimensionais e vazios. Apenas o elenco consegue transmitir alguma vida a este dito conjunto de “bonecos” caricaturais (Emma Stone, o talentoso Dane DeHaan e Jamie Foxx, só para dar um exemplo), mas até eles são desperdiçados, pois este O Fantástico Homem-Aranha simplesmente foi pensado para cumprir os requisitos e ligações para spin-offs e sequelas agendadas e rodadas em simultâneo para a criação de uma nova saga “marvelesca”.

Mas então o que é que nos resta neste filme, fora os seus atributos tecnológicos? Praticamente um percurso aos marcos da banda desenhada e fórmulas sobre fórmulas, enraizadas em mais fórmulas, e todas elas coladas com “cuspo”. Tudo isto soa como cantiga de “velhote”, purista ou simplesmente ignorante perante a crescente relevância da banda desenhada no panorama atual, mas a verdade é que tudo isto é apenas um produto de merchandising, feito por questões óbvias – vender – e a qualquer custo.

Quanto às aventuras do “aranhiço” propriamente ditas, Sam Raimi construiu algo mais consistente nos seus dois filmes (não, não conto com Spider-Man 3), onde usufruiu de uma liberdade mais audaz, antes da ditatorial tomada dos estúdios. Um filme com prefixo de fantástico, que de fantástico nada tem.

Pontuação Geral
Hugo Gomes
the-amazing-spider-man-2-o-fantastico-homem-aranha-2-o-poder-de-electro-por-hugo-gomesSerá que temos de nos contentar com fórmulas?