Quinta-feira, 25 Abril

«Divergent» (Divergente) por José Pedro Lopes

As semelhanças à primeira vista entre este Divergente e o sucesso The Hunger Games (Os Jogos da Fome) são tantas quantas as que podemos contabilizar no final de ver esta nova aventura passada num futuro distópico que adapta o primeiro de uma trilogia de livros de Veronica Roth. Em certa medida é pena para Divergente já que é um arranque mais bem conseguido do que o que teve a saga liderada no grande ecrã por Jennifer Lawrence.

O filme passa-se numa Chicago destruída por uma guerra e agora governada por uma sociedade rigorosa e dividida em classes sociais muito restritas e que são mantidas a todo o custo. Shailene Woodley (Os Descendentes) interpreta uma jovem que não encaixa em apenas uma destas classes – uma divergente – e por tal uma ameaça maior a esta organização que visa aparentemente manter a paz.

As dinâmicas acabam por ser muito similares às de Os Jogos da Fome: temos uma jovem heroína que treina para superar uma série de desafios e testes, mas que terá de ser tornar algo maior para derrotar todo uma sistema injusto e perverso. A lei que serve todos na realidade serve uma classe de tiranos e o que temos nestes primeiro capítulo é o desenrolar de como o que parece ser uma odisseia pessoal evolui para uma guerra.

Comparar as jovens que lideram ambos os filmes de pouco serve. Woodley pode não ter o carisma de Lawrence nesta fase, mas a realidade é que dá uma excelente resposta ao desafio – muito pela sua personagem Tris ser de origem mais complexa que Katniss. Mas o que realmente me parece distinguir os dois filmes reside nos seus equivalentes masculinos. Theo James é uma surpresa e dá ao filme um segundo protagonismo com atitude e carisma nas doses certas – o oposto de Josh Hutcherson, que afundava The Hunger Games sempre que surgia. Tal como em relação a ela, a personagem de Four também me parece bem mais interessante do que a de Peeta.

Sendo claramente uma aventura escrita para um público feminino jovem, Divergente mantém o seu estilo e os seus momentos, tem mais classe e menos exagero, o que poderá tornar a sua experiência bem mais abrangente.

Com tantas comparações arrisco-me a levar com alguns comentários odiosos de fãs de The Hunger Games, mas sinceramente o que posso dizer é que duas sagas de livros/filmes estão tão semelhantes que não poderão nunca escapar a um julgamento que não seja comum. Fica a questão: se o arranque de Divergente é mais interessante e equilibrado que o de The Hunger Games, conseguirá a sequela ser tão bem conseguida e ambiciosa como Em Chamas? Veremos em 2015.

O melhor: Theo James.
O pior: as cenas de ação são algo sem sabor.


José Pedro Lopes
(crítica originalmente escrita em março de 2014)

Notícias