Sábado, 20 Abril

«Pompeii» (Pompeia) por Nuno Miguel Pereira

Criar um bom filme tem as suas dificuldades inerentes, criar um blockbuster rege-se por outras regras e, garantidamente, também não será o mais fácil. Paul W.S. Anderson (realizador da franquia Resident Evil) destaca-se pelo (de)mérito de ter falhado claramente e com estrondo na questão da qualidade.

A história é sobejamente conhecida: retrata a grande erupção do Monte Vesúvio, destruindo Pompeia completamente.

Aliás, é tão conhecida que difícil seria entrar no cinema sem saber o final do filme e é, precisamente, aqui que começam as semelhanças com o Titanic de James Cameron. Diga-se que, neste caso, com o uso excessivo de CGI, dando contornos irrealistas a todos os cenários. Mais uma vez, teremos que dar a Paul W. S. Anderson grande parte das responsabilidades, isto porque, à parte dos efeitos (nada) especiais, ele teve ainda o condão de realizar uma história recheada de clichés – aqui, ressalva para os mais que excessivos slow motions, a que todo o elenco tive direito.

As personagens são outro dos pontos fracos da obra, pois nenhuma delas é bem desenvolvida. Nesse sentido, a história de amor entre o escravo celta Milo (Kit Harington) e a princesa Cassia (Emily Browning) é profundamente superficial. A juntar ao elenco temos ainda tempo para um Kiefer “Jack Bauer” Sutherland a fazer de senador Romano, em progressiva ruminação de palavras (só assim se explica o sotaque). Voltando a Kit Harrington, e para quem vê A Guerra dos Tronos, é notória a semelhança entre Milo e John Snow.

Posto isto, assim se conseguiu transformar um possível épico com alguma qualidade num falhanço de proporções épicas. A previsibilidade do final da história não seria problema se, durante o filme, houvesse algum tipo de interesse. A verdade é que , a cada segundo, era possível prever o que cada personagem fazia, ou dizia (alguns desses diálogos eram até bem ridículos).

No meio disto tudo o que fica de positivo é uma cena de acão (de cerca de 10 minutos) muito bem coreografada, envolvendo gladiadores. Essa parte era, talvez a única, capaz de nos alienar de todo o falhanço que foi o resto do filme.

Neste caso, falando especificamente desta obra, Paul W. S. tentou ser uma espécie de James Cameron, mas só com o 4º ano escolar (e tirado à noite). Só assim se explicará as falhas existentes, especialmente em relação ao empolgamento visual que outros filmes do realizador tinham despontado e que, neste caso, ele parece se ter esquecido de como se faz. À semelhança com Titanic (o barco), este filme também afundou.

O melhor: A tal cena de ação de 10 minutos.
O pior: Todo o filme é uma série de clichés, com relações superficiais e nem a parte visual escapa


Nuno Miguel Pereira

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