Quinta-feira, 28 Março

«Devil’s Knot» por Bernardo Lopes

Depois da trilogia documental Paradise Lost, de Bruce Sinofsky, e de West of Memphis, de Amy Berg, somos invadidos pela seguinte dúvida: qual a razão para se fazer outro filme sobre o caso dos West Memphis 3? Egoyan teria de trazer algo único e inovador à história para que se justificasse tal projeto. Curiosamente, não só não o fez, como retirou qualquer profundidade e substância aos quatro documentários que retrataram razoavelmente bem o caso. Acabamos por não compreender o porquê de se fazer Devil’s Knot, nem o porquê de a contar da forma que fez.

A mais recente longa-metragem do experiente (e nomeado a Óscar) Atom Egoyan retrata o caso real de um homicídio de três crianças de 8 anos em West Memphis, Arkansas, e a posterior acusação de três adolescentes sentenciando-os com uma pena de morte para Damien Echols, o principal suspeito, e prisão perpétua para os outros dois. Ainda que tenha havido uma compreensível revolta entre a população local e uma enorme vontade entre os familiares das vítimas de encontrar o(s) culpado(s) daquela atrocidade, os três adolescentes acabaram por ser acusados sem provas concretas de que teriam sido eles a cometer aquele ato, criando um conflito sobre o quão imoral e imprudente é tomar decisões desta dimensão.

Apesar de se verificar um esforço em corresponder à intensidade que lhe era pedida por representar a mãe de Steve Branch, uma das vítimas, Reese Witherspoon não consegue fazer transparecer uma envolvência emocional suficientemente credível à que se preveria. Ainda assim, num plano inferior consegue ficar o muito respeitado Colin Firth. Poder-se-á justificar pela fraca personagem que envergou, Ronald Lax, um investigador do Sul que, apesar de na realidade ter contribuído bastante para o caso, aparece como uma personagem irrealmente impingida no conflito, ou até mesmo pelo medíocre resultado do filme, mas esta prestação de Firth é provavelmente das piores da sua carreira.

Podemos considerar que Devil’s Knot é um filme débil em termos conceptuais e não vem acrescentar nada à reflexão nem ao mediatismo de um dos casos policiais mais interessantes das últimas décadas dos EUA.

O melhor: a intenção
O pior: a sua “surpreendente” mediocridade


Bernardo Lopes

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