Quinta-feira, 28 Março

«The Hunger Games: Catching Fire» (The Hunger Games: Em Chamas) por Nuno Miguel Pereira

 

Quando um filme corre bem e gera expetativas, frequentemente pensa-se numa sequela. No caso de Hunger Games, o objetivo sempre foi fazer a saga completa, baseada nos livros de Suzanne Collins. Todavia, este género de histórias, por vezes focam-se mais na ação e na construção visual do mundo, descurando o enredo.

Em Hunger Games: Em Chamas continuamos a acompanhar a história de Katniss (Jennifer Lawrence), que depois de ganhar os jogos e fazer frente ao capitólio, vê o Presidente Snow (Donald Sutherland) ameaçar a sua vida e a da sua família. Para que isso não aconteça, ele quer que Katniss prossiga com o namoro de fachada com o igualmente vencedor dos últimos jogos, Peeta (Josh Hutcherson). Certo é que, devido ao facto de o povo se querer revoltar e ver Katniss como a sua heroína, Snow quer eliminá-la. Enquanto isso, Plutarch é nomeado o novo produtor dos jogos. Por fim, e de forma a conseguirem se livrar de vez de Katniss, sobre o pretexto de os jogos fazerem 75 anos, decidem criar um novo torneio. Em vez de utilizarem novos tributos, nestes novos jogos, serão os tributos vencedores de cada distrito a participar.

No meio disto, antes disto e para além disto, há mesmo muitas coisas vão sucedendo, notando-se da parte de Francis Lawrence, o realizador deste segundo filme, uma tentativa em concentrar tudo no espaço de 2h20, fazendo assim jus ao livro. A verdade é que a sua esperteza foi admirável. Conseguiu falar de tudo um pouco sem cair no erro de tornar o filme superficial. Para isso, focou-se nos pontos-chave – a revolta do povo injustiçado e a díade Katniss-Peeta. Desta forma, a obra ganhou uma grande consistência, que vai muito para além da parte visual e da ação existente. Essa está reservada mais para a frente e traz-nos o que o primeiro filme já nos mostrou. Ainda assim, o melhor está mesmo reservado para o final, que deixará qualquer um à espera de ver mais. Aliás, estas 2h20 souberam a 5 minutos, e se fossem 4h, ninguém iria notar.

Na parte de representação, destaque para a atuação genuína e enternecedora de Jennifer Lawrence. É sobre ela que grande parte do filme se foca e esta nunca vacila. Está visualmente e artisticamente um espanto.

Não obstante, este segundo capitulo tem menos coração que o primeiro. Talvez por se passarem tantas coisas em simultâneo, faz com que alguns momentos sejam feitos com muita técnica e pouco espaço para o resto. Certo é que, ao contrário de muitas outras, esta sequela faz jus ao primeiro capítulo e no que diz respeito à história, melhora. Mérito, por um lado, ao livro em que é baseado e, por outro, ao rumo escolhido por Francis Lawrence.

O Melhor: Jennifer Lawrence, a realização de Francis Lawrence e a história
O Pior: Muita técnica e pouco coração, em algumas partes.


Nuno Miguel Pereira 

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