Terça-feira, 16 Abril

«Grand Central» por Roni Nunes

O velho tema do triângulo amoroso ganha aqui uma abordagem singular neste estranho filme de Rebecca Zlotowski. Com ecos de denúncia sócio-ambiental, a realizadora e coautora do argumento situa a sua história nas proximidades de uma central nuclear, onde as duras condições de trabalho ditam a natureza da vida e das relações dos personagens.

Entre estes está Gary Manda (Tahar Rahim, de O Profeta, que circulou este ano por cá com Os Nossos Filhos), um sujeito com um passado não muito recomendável e que, sem grandes alternativas, aceita um emprego pouco apetecível no dito local. A comunidade unida na qual passa a fazer parte torna-se uma espécie de família, uma vez que a sua verdadeira já não nutre por ele maiores simpatias. Mas o seu processo de aquisição de novos valores, como a amizade e o altruísmo, cai por terra quando se apaixona perdidamente (e é correspondido) pela noiva de um dos seus amigos (Léa Seydoux).

O artifício do explosivo/perigoso que Zlotowski utiliza para interligar a central com a relação incandescente entre os dois raramente ultrapassa o metafórico num filme demasiado morno. Com longos trechos que quase atingem uma natureza documental, a coisa só aquece mesmo quando o casal entra em cena – cuja entrega e intensidade são o melhor do filme. Mesmo assim, também aqui ele é prejudicado pela excessiva ambiguidade da personagem de Seydoux, construída de forma demasiado sintética.

O Melhor: o par central
O Pior: demasiado morno


Roni Nunes

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