Sábado, 20 Abril

«The Mortal Instruments: City of Bones» (Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos) por Hugo Gomes

Em 2013 deparamo-nos com vários pretendentes para a vaga deixada pela saga Twilight na direção do vasto público jovem e maioritariamente feminino. Contudo é em agosto que surge aquele que já é apelidado como o mais forte candidato para tal, Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos, a adaptação do primeiro livro da série literária escrita por Cassandra Clare.

Trata-se de um livro que reúne os elementos necessários e básicos da literatura juvenil da moda em sincronização com um teor sobrenatural rico e gótico. Quanto ao filme em si, Harald Zwart, realizador já “pedalado” em território adolescente com as aventuras de Cody Banks e o recente reboot de Karate Kid com Jaden Smith como protagonista, não teve mãos a medir no tratar a obra como ela aparenta ser: entretenimento inconsequente para jovens visualmente e esteticamente manipuláveis e com um baixo nível de exigência.

A verdade é que Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos é rico em termos cénicos, eficaz nos atributos técnicos e esforçado para agradar a “gregos e troianos”, ou seja, dosear o romance mais bacoco, mas de fácil suspiro para as fãs, com sequências de acção e um toque de terror para aqueles que se encontram de fora neste circulo de devoção. Mas as maiores fraquezas deste Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos não estão na sua por vezes rebuscada história ou produção. Estão obviamente na sua inerência, numa introdução às “três pancadas” e um desenvolvimento algo anorético de personagens e tramas que tornam o filme de Zwart num vazio prolongado e vistoso.

A juntar a isto temos um elenco disfuncional, admitindo também que grande parte da culpa não advém dos atores mas sim da fraca composição de que foram convertida as personagens para o grande ecrã. Contudo, Lily Collins não tem estofo de protagonista e Jamie Campbell Bower, já habituado a estas “andanças” graças a sua pseudo-experiência na saga Twilight, é desequilibrado, ainda que ocasionalmente invoque alguma classe para as cenas mais românticas. Por fim, são dezenas de personagens secundárias fúteis, descartáveis e desperdiçadas, um triângulo amoroso sem arestas devidamente limadas e uma narrativa fast-forward algo embaraçosa com o objetivo de adaptar o maior número de paginas possíveis que cumprem com o resto da fita. Tudo se resume a uma obra inconsequentemente adolescente, apressada e desleixada. Somente para fãs e talvez nem isso.

O melhor – Os cenários góticos e exuberantes
O pior – é cinema adolescente, desenvolvimento de trama e personagens é algo que praticamente não existe


Hugo Gomes

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