Sexta-feira, 19 Abril

«Pacific Rim» (Batalha do Pacífico) por Hugo Gomes

 

Mechas colossais que combatem monstros alienígenas do tamanho de arranha-céus, Pacific Rim apesar de tudo não merece as comparações com Transformers de Michael Bay nem Godzilla de Roland Emmerich. Aliás, a situação devia antes inverter-se.

Guillermo Del Toro, autor das sólidas adaptações cinematográficas de Hellboy e do sombrio, mas magnético, O Labirinto de Fauno, sempre havia dito que esta grande produção da Warner Bros é uma coligação entre dois subgéneros, que por acaso são bastantes populares no Japão, tendo Batalha do Pacífico uma especial atenção ao mercado asiático, unindo os Kaijus, tradução japonesa para “monstros”, também utilizado para classificar um subgénero comum em terras nipónicas onde criaturas antagónicas gigantescas arrasam cidades inteiras, com os mechas, robôs gigantescos comuns em diversas animações e culturas do já referido país.

Tudo isto resulta num blockbuster esplendoroso em termos visuais onde realça o trabalho dos efeitos especiais e a sobriedade das sequências de acção (uma diferença entre Del Toro e o espasmódico Michael Bay).

Mas obviamente Batalha do Pacífico não é só artifícios técnicos nem afins, longe das barafundas que assistimos este ano a nível de grandes produções hollywoodescas. Este combate que dita o rumo da Humanidade é um colectânea de referências de luxo que lança intensos “piscar de olhos” aos cinéfilos e uma camada inerente de geeks. Sente-se a paixão de Guillermo Del Toro em transmitir o tributo desses cânones cinematográficos e não só, como também um esforço mais intenso em solidificar os personagens (Idris Elba é impagável) e as tramas que a seguem.

Contudo, Batalha do Pacífico servirá apenas como isso, uma homenagem e uma experiência de estilo e substâncias, tudo porque após lançar todos os seus “trunfos”, a nova fita de Guillermo Del Toro cede à previsibilidade e aos lugares-comuns, esquece a solidificação feita até então e aposta num argumento minucioso demais que atenta até mesmo a imaginação do mais geek dos espectadores. Embora, e saliento que dentro do desastroso leque de blockbusters que assistimos este verão, este é um dos melhores filmes-pipoca desta temporada.


Hugo Gomes

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