O que indicava desde inicio ser uma dissecação da delinquência juvenil e outras temáticas sociais, algo ao jeito de América Proibida ou Ódio de Mathieu Kassovitz, revela-se numa obra de violência mais fabulista, onde a vingança, que continua a ser um dos melhores argumentos de sempre para criar histórias, é o único motivo de justificação narrativa.
Produção inglesa dirigida por Ron Scalpello (primeira longa-metragem desde a curta de estreia, Pit, em 2001) e escrita por Paul Van Carter, Offender utiliza a violência gráfica e social para elaborar um filme tão banalizado e infantilizado como este. A premissa centra em Tommy Nix (Joe Cole, que de certeza consegue melhor prestação que isto), um jovem detido pelas autoridades por agressão a um agente policial que é condenado a permanecer numa das notórias instituições de correcção juvenil na Grã-Bretanha, algo que mais aparenta um estabelecimento prisional. Porém, Tommy não é nenhum jovem delinquente cujos atos foram inconsequentes, a instituição onde agora se torna sua residência faz parte do seu plano, um plano de vingança que o jovem quer cumprir a todo o custo.
Uma história mal executada servida por desempenhos mal amparados (English Frank é tão inexpressivo como inapto de talento interpretativo). Um conjunto ínfimo de estereótipos do cinema prisional, que nos remete a uma fraca exploração de personagens e um vazio narrativo, tornam Offender em pura mediocridade desgastante. Nem a dissecação social é capaz de invocar, o que poderia neste caso ser um trunfo. Mas o mais triste aqui é mesmo saber que num país em que teima não estrear Stoker de Chan Wook Park nos cinemas como é o caso de Portugal, a obra de Ron Scalpello é um impasse cinematográfico a ocupar lugar entre as estreias e o cartaz. Não justifica o seu lançamento, quanto mais a sua visualização numa sala de cinema.
O melhor – A vingança continua a ser um motivo propício em termos cinematográficos.
O pior – Fazia melhor figura em “direct-to-video”
Hugo Gomes
