Ambientada em finais da década de 50, A Datilógrafa é uma comédia romântica singela que combina todos os ingredientes básicos e clichés do género, mas que ao mesmo tempo tem um enorme charme e sobretudo nostalgia.

O filme segue Rose Pamphyle (Déborah François), uma jovem de uma pequena aldeia, filha do dono de um bazar, cujo plano de vida traçado pelo seu pai é o de a casar com o melhor partido da aldeia. Porém, Rose deseja mais, e como qualquer rapariga da época, Rose idealizou o secretariado como opção de carreira, acabando por conseguir uma vaga num pequeno escritório de seguros.

O seu chefe é Louis Échard (Romain Duris), um jovem conquistador um pouco arrogante que acaba por se encantar pela jovem Rose e pela sua invulgar rapidez a digitar usando apenas os indicadores. A partir daqui Échard estabelece como objetivo treiná-la corretamente e torna-la na campeã de rapidez a datilografar.

Para além da fotografia cuidada  e o design de recreação da época, sobretudo na fase de reconstrução da Europa ainda dos resquícios do pós-guerra [responsabilidade de Guillaume Schiffman, que assinou igualmente O Artista], A Datilografa vive sobretudo da encantadora química entre Rose e Louis, ela muito sonhadora e ansiosa pelo amor do patrão,  ele rigoroso e motivado unicamente pelo concurso e pelo intenso plano de treino.

Na realização está o estreante Régis Roinsard, que cai em clichés em desuso como o “fast Forward” cómico e os movimentos rápidos de câmara, sobretudo nas competições, mas que ajudam a dar vivacidade  ao filme e a entusiasmar o espectador. Roinsard usa e abusa das cores e consegue alguns belos momentos, sobretudo numa cena em que o néon azul e vermelho parece por si só expressar os sentimentos dos personagens.

Já François e Duris são claramente as estrelas da companhia, dando pouco espaço para o brilho dos secundários, em particular Bérénice Bejo, estrela revelado em “O Artista”, que aqui representa um papel a espaços ingrato e lamechas. De resto, tudo corre sem sobressaltos,e entre algumas tramas e sub-tramas (por vezes desnecessárias) que afastam e aproximam os nossos protagonistas, tudo corre como esperado.

No final, A Datilógrafa é um filme competente, e que cumpre os seus pressupostos sem grandes problemas, mas também sem grandes inovações. Uma boa comédia romântica, simples e que fará os amantes do género terem um sorriso de orelha a orelha durante mais de hora e meia.

Carla Calheiros

Pontuação Geral
Carla Calheiros
Hugo Gomes
populaire-a-datilografa-por-carla-calheirosUma bem-humorada comédia romântica de época