Sexta-feira, 19 Abril

«Iron Man 3» (Homem de Ferro 3) por José Pedro Lopes

Das séries que levaram a “Os Vingadores” (The Avengers), a bomba de Joss Whedon lançada o ano passado, “Homem de Ferro” (Iron Man) foi certamente a que menos me entusiasmou. “Thor” tinha o contexto mítico e um sentido de diversão muito certeiro, “Capitão América” recuperava um espírito e uma abordagem ingénua do pós-segunda Guerra e “Hulk” – versão Edward Norton – era descontrolado e explosivo. Já “Homem de Ferro” parecia-me ser o filme mais consensual e menos estimulante. Claro, Robert Downey Jr. está fantástico como Tony Stark – e isso nota-se muito em “Os Vigadores” onde é o herói de destaque – mas a versão cinematográfica das aventuras de um milionário justiceiro cheio de gadgets da Marvel não tem qualquer comparação ao seu equivalente da Warner / DC Comics (refiro-me a Batman).

Homem de Ferro” e acima de tudo “Homem de Ferro 2” baseavam as suas intrigas em corridas tecnológicas sem um lado tecnico minimamente credível, vilões absolutistas e acima de tudo, setups de ação com tão pouca presença humana como um filme da saga “Transformers”.

Apesar de “Homem de Ferro 3″ assumir a fundo que é o fecho de uma trilogia, é também o 1º filme da segunda fase dos “Os Vingadores”, e feito agora sob a alçada da Disney e com o comando de Shane Black, surge como um filme mais completo e eficaz que os seus anteriores.

Aliás, nota-se bem a influência de Shane Black, o novo realizador. O argumentista de “Arma Mortífera” e “Os Caça-Monstros” dá a “Homem de Ferro 3” uma estrutura narrativa bem mais gloriosa e organizada, Tony Stark, Pepper Pots e James Rhodes são um trio de heróis que enfrentam uma trio de vilões no ato final do filme – todos com histórias, backgrounds e contextos. A luta em “Homem de Ferro 3” não se resume a efeitos especiais encavalitados uns nos outros, mas sim num confronto de personagens.

Para virtude do filme, Stark encontra diversas personagens secundárias brilhantes ao longo do relato, com destaque para um miúdo que o ajuda quando tudo parece perdido ou um fã obcecado por ele que se revela útil. Os vilões do filme são apresentados de forma dinâmica e até surpreendente – versus a estrutura óbvia dos filmes anteriores.

Com a casa arrumada e organizada, “Homem de Ferro 3” é um filme de super-heróis divertido, com doses certas de acção e humor, e com personagens e situações muito bem imaginadas. Um pouco como a Disney / Marvel já nos habituaram: mas claro, ninguém espere por um filme com um caráter mais ambicioso como a versão Nolan de “O Cavaleiro das Trevas Renasce” ou o próprio “Os Vingadores” de Whedon.

O Melhor: Shane Black e Robert Downey Jr. dão uma grande despedida a Tony Stark.
O Pior: Depois de “Os Vingadores”, um stand-alone sabe a pouco.


José Pedro Lopes

Nota: Apesar dos eventos de “Os Vingadores” serem mencionados várias vezes, quem esperar ver um tie-in narrativamente forte entre esse filme e uma potencial sequela sairá desiludido, mesmo tendo em conta a habitual cena bónus no final dos créditos

 

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