Sábado, 4 Maio

«Saw» (Enigma Mortal) por Carla Calheiros

Primeira longa-metragem do jovem australiano James Wan, “Saw” é daqueles filmes que nos prende desde o primeiro segundo, e que vai directo ao assunto. Presos em cantos opostos duma velha casa de banho, estão dois homens, Lawrence Gordon (Cary Elwes) e Adam (Leigh Whannell). Aparentemente nada os liga, e eles são apenas mais duas peças de um puzzle de crime de um serial killer conhecido como Jigsaw, e que leva as suas vítimas a matarem-se. Afinal, Lawrence e Adam são portadores das respostas, e acabam por si mesmos por ir descobrindo porque se encontram ali.

Com o argumento como arma mais forte, “Saw” é dono de uma realização frenética que nos vai contando a trajectória de horror de Jigsaw, em flashbacks. As armadilhas são sempre sinistras e ardilosas, os jogos assustadoramente duros, mas há sempre uma hipótese de escapar.

Se há thriller recente que pode rapidamente aspirar ao rótulo de filme de culto, é “Saw”. Violento q.b. (quem o acha violento não deve, em hipótese alguma, ver filmes de alguns realizadores asiáticos ao pé do qual este “Saw” é uma brincadeira de crianças), vence pela imprevisibilidade do argumento, sem vestígios de plot-holes, e pela forma como prende o espectador até ao último fôlego.

Esta é notoriamente uma primeira obra, com Wan que chega cheio de ideias e de sangue novo, mas tem algumas falhas, sobretudo ao nível da direcção de actores, onde Cary Elwes, a espaços bastante exagerado não ajuda nada.

Altamente recomendável a quem gosta de bons thrillers, “Saw” é aquele filme que devemos levar os nossos amigos – que passam o filme inteiro a tentar descobrir o culpado – a ver. Wan leva-nos para onde quer, e a desconfiarmos de quem ele quer. Se na sala de cinema, durante o pré-final algum espertinho se lembrar de dizer alto e bom som, “eu já sabia desde meio do filme”, deixe a projecção acabar e após saber a verdade responda-lhe… “afinal não era assim tão óbvio, pois não?”

 
 
Carla Calheiros

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