Com o argumento como arma mais forte, “Saw” é dono de uma realização frenética que nos vai contando a trajectória de horror de Jigsaw, em flashbacks. As armadilhas são sempre sinistras e ardilosas, os jogos assustadoramente duros, mas há sempre uma hipótese de escapar.
Se há thriller recente que pode rapidamente aspirar ao rótulo de filme de culto, é “Saw”. Violento q.b. (quem o acha violento não deve, em hipótese alguma, ver filmes de alguns realizadores asiáticos ao pé do qual este “Saw” é uma brincadeira de crianças), vence pela imprevisibilidade do argumento, sem vestígios de plot-holes, e pela forma como prende o espectador até ao último fôlego.
Esta é notoriamente uma primeira obra, com Wan que chega cheio de ideias e de sangue novo, mas tem algumas falhas, sobretudo ao nível da direcção de actores, onde Cary Elwes, a espaços bastante exagerado não ajuda nada.
Altamente recomendável a quem gosta de bons thrillers, “Saw” é aquele filme que devemos levar os nossos amigos – que passam o filme inteiro a tentar descobrir o culpado – a ver. Wan leva-nos para onde quer, e a desconfiarmos de quem ele quer. Se na sala de cinema, durante o pré-final algum espertinho se lembrar de dizer alto e bom som, “eu já sabia desde meio do filme”, deixe a projecção acabar e após saber a verdade responda-lhe… “afinal não era assim tão óbvio, pois não?”