Sexta-feira, 3 Maio

«Flight» (Decisão de Risco) por Carla Calheiros

Logo à partida, “Flight” tem um interesse acrescido: o regresso do realizador Robert Zemeckis ao cinema de imagem real após mais de uma década dedicada à animação. Para este regresso, Zemeckis apostou em terrenos seguros, com um drama morno, sobre um homem e as suas inseguranças e ladeou-se de um dos melhores atores da sua geração: Denzel Washington. 
 
O filme acompanha o comandante Whitaker, um piloto de voos comerciais que desde o primeiro minuto nos é apresentado como um homem de excessos que pouco se coadunam com a sua profissão. Naquele que parecia ser apenas mais um voo de uma hora, Whitaker, alcoolizado e sob o efeito de drogas, vê-se confrontado com um falha no avião que leva a uma aterragem audaciosa mas que acaba por minimizar as perdas humanas. 
 
A partir daqui começa um jogo. O comandante é elevado a herói pelos media e a companhia aérea começa a delinear um plano que o isente de quaisquer responsabilidades, podendo estas cair, ou não, em cima do seu piloto. Pelo meio surge Nicole (Kelly Reilly), uma jovem viciada em drogas que tenta recuperar e cuja passagem pela vida de Whitaker acaba por deixar alguma marca. Longe de ser um filme catástrofe, embora a sequência da queda do avião seja bastante intensa (já o havia sido em “O Náufrago”), “Flight” não se livra de cair nos clichés dos filmes de redenção, com a reviravolta expetável do momento fundo do poço. 
 
A verdade é que Denzel Washington tira de letra o papel do anti-herói que aqui interpreta e por isso é ele próprio que assume o papel de carregar o filme às costas. Sim, ele não é simpático, nem responsável, mas a verdade é que poderá mesmo assim ser um herói? Aliás, parece que Washington aparece como um dos favoritos na nomeação ao Oscar, mas embora a sua interpretação seja convincente, a verdade é que não surpreende nada face a trabalhos anteriores. Pelo meio surge John Goodman, que em curtas aparições tem ao mesmo tempo o condão de ser o escape cómico do filme, e o único que realmente consegue “perceber” as necessidades do piloto 
 
Por isso, “Flight” acaba por se tornar num drama respeitável, mas que acaba por ser contido sem nunca extravasar verdadeiramente. Mesmo assim, é um filme bem executado e que merece uma olhadela. 
 
O melhor: Ainda assim, Denzel Washington
O pior: Demasiado contido.
 
 
 Carla Calheiros
 
 
 

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