Terça-feira, 16 Abril

«La guerre est déclarée» (Declaração de Guerra) por Carla Calheiros

No ano em que o cinema francês parece dar cartas em todo o lado, tanto fora com “O Artista”, como em casa com um estrondoso sucesso chamado “Amigos Improváveis”, a Academia Francesa resolveu levar à candidatura para o Óscar de Melhor Filme outro título, este “Declaração de Guerra”.
 
O projeto é altamente pessoal para Jérémie Elkaïm e Valerie Donzelli. Juntos escreveram e protagonizaram o filme que ela realizou. Mais tocante é ainda perceber que a experiência retratada no filme se baseia na vivência real dos atores, e do seu filho Gabriel.
 
Romeu e Juliette são bonitos, jovens, apaixonados. Algum tempo depois chega um bebé e o casal parece caminhar para a felicidade plena. No entanto é diagnosticado ao bebé de 18 meses um tumor no cérebro e começa a “guerra”.
 
Sem cair no mais puro dos lamechismos que a delicadeza do tema abordado impunha, “Declaração de Guerra” é um retrato real de um casal jovem e inexperiente que se vê a braços com a trágica doença do filho. Sem nunca baixarem os braços, os jovens enchem-se de otimisto e aceitam o desafio de lutar todos os dias pelas melhoras do filho. Mas claro que isso tem um preço para ambos.
 
Desiludam-se se pensam que estamos perante um filme sobre a doença, ao invés temos aqui o retrato da perspetiva dos pais, e que explora, entre a respeitável distância e o buraco de fechadura as entranhas da relação, e a forma como esta vai sendo desgastada pelas circunstâncias que vivem.
 
O trabalho de Elkaïm e Donzelli é de enorme mérito em todas as frentes. Destaque para a forma como escreveram e compuseram os seus papéis, com esperança e recusando-se a puxar descaradamente à lágrima e à pena como os melodramas domingueiros a que estamos habituados. A ver 
 
O Melhor: Ver Gabriel Elkaïm no filme.
O Pior: Algum excesso de pensamento positivo retira-lhe alguma credibilidade, mas nada de mais.
 
 
 Carla Calheiros
 

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