Sexta-feira, 19 Abril

“Coco Avant Chanel ” por João Miranda

Coco Chanel nunca conseguiu conformar-se com as normas da sociedade em que cresceu. Fruto de um descontentamento que deu origem ao modernismo, é normal que tenha assumido igualmente a apologia da simplicidade e o ódio ao ornamento desta corrente. Por outro lado, as convenções de género no modo de vestir pareciam-lhe pouco práticas e constringentes, levando-a a opor-se-lhes e a experimentar transgredir os preconceitos existentes.

“Coco Avant Chanel” é uma ficção baseada na sua vida antes de possuir o império pelo qual é conhecida agora, tentando percorrer os momentos mais marcantes desses anos, ao mesmo tempo que, de alguma forma, tenta mostrar a génese de alguns dos elementos que usou nos seus desenhos. Tendo isso em conta, seria de esperar um filme muito visual, com um estilo muito bem definido, mas não: os momentos de génese dos elementos visuais são separados dos outros pelo movimento da câmara e pela música, criando alguma artificialidade e alguma desilusão com a imagem no resto do filme.

Nenhuma das representações sobressai, a não ser a de Alessandro Nivola, um norte-americano de Boston, que parece lutar contra todas as frases que diz em francês (a maioria das que diz) e que tem a expressividade de papel de parede. A realização de Anne Fontaine revela-se bastante sólida, com apenas pequenos elementos dissonantes no filme, como os referidos momentos de inspiração e uma montagem de revisão mesmo no final do filme.

É um filme a ver, mesmo por quem não se interessa por moda, nem que seja para se poder perceber a razão pela qual a TIME Magazine a declarou em 1999 como uma das 100 personalidades mais influentes no séc. XX e para se ver o que a roupa e a nossa maneira de pensar nela mudaram nestes últimos 100 anos.

O Melhor: A recriação histórica da época e das normas sociais vigentes
O Pior: Alessandro Nivola

A Base
“É um filme a ver para se perceber a influência de Chanel na nossa cultura actual.”…. 6/10
 
João Miranda

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