Numa entrevista ao Liberation, o cineasta norte-americano Michael Mann, que esteve em Lyon na semana passada, convidado pelo Festival Lumière para apresentar a versão restaurada de Heat – Cidade Sob Pressão (1995), fez um balanço dos seus projetos em desenvolvimento, falando da cinebiografia em torno de Enzo Ferrari, da sua minissérie sobre a Guerra do Vietname, Hue 1968, e de um projeto de Western que tem em mente, denominado Comanche, e que se foca na verdadeira história de Cynthia Parker, uma anglo-saxónica criada entre os indígenas, com o nome Naduah (que significa a Encontrada).
Em 1860, os soldados dos Texas Rangers, liderados por Lawrence Sullivan Ross, lutaram com os índios (Batalha do Pease River), resgataram Naduah e forçaram-na a voltar para casa e viver com os brancos. Mas esta não conseguiu se adaptar à sociedade, ficando devastada por perder a sua família Comanche.
«É um argumento muito ambicioso que segue quatro personagens cujas trajetórias vão convergir progressivamente, no meio da mesma paisagem que se transforma, como um barco que se afunda lentamente. Na verdade, é a mesma história de A Desaparecida (1956) de John Ford, exceto que esse filme tomou muitas liberdades problemáticas. Cynthia Parker não tinha nada a ver com a personagem[ interpretada por Natalie Wood]. Ela era uma esposa com posses e mãe de cinco filhos, nos quarenta anos, que não falava inglês, levada da sua família para ser educada pelos brancos. Ela tentará escapar várias vezes, antes de se suicidar. Não é realmente uma história engraçada», afirmou Mann.
O cineasta disse ainda que está interessado na «invenção de novos mundos», tendo em carteira um projeto misterioso de ficção cientifica, e aproveitou a oportunidade para elogiar Avatar: «O trabalho de James Cameron é subestimado. ‘Avatar’ é uma conquista extraordinária. Excede as expectativas (…) Cameron sempre esteve vários passos à frente nesta área, pois inventa a tecnologia para apoiar sua visão».