Sexta-feira, 19 Abril

Não há mais nada para ver, os Oscars® continuam os mesmos

Não há que culpar ninguém, no final os Oscars foram isso mesmo, os Oscars. Por isso, e começando pelo final, a vitória de Green Book não foi verdadeiramente uma surpresa, é o tradicionalismo, o modelo do “oscarizado” a comandar a noite, isto, depois do “choque” que foi ver Glenn Close a sair do Dolby Theater de mãos a abanar.

Polémicas eram muitas, as decisões erradas levaram-nos a isto, a um final previsível e adivinha-se tal após a vitória de ROMA na categoria de filme estrangeiro. Era improvável a mesma academia atribuir duas distinções de Melhor Filme ao trabalho de Alfonso Cuáron, novamente com a estatueta de realização na mão, a provar que os mexicanos mandam em Hollywood. Em 6 edições, somente o norte americano Damien Chazelle conquistou tal prémio, o resto da distribuição foi: duas vezes Alejandro G. Iñarritu, duas vezes Cuáron e uma para Guillermo Del Toro (aliás a persona que atribuiu a figurinha dourada ao seu conterrâneo). Previsões para o futuro? Del Toro irá fazer a dobradinha para permanecer empatado.

Alfonso Cuáron

Mas o curioso disto tudo é que por mais mediático que sejam as 6 categorias principais, é nos técnicos que alguma justiça e injustiça é feita. Nesse aspeto, foi fatal o “roubo” a First Man nas categorias sonoras, que fugiram para Bohemian Rapsody, e ao mesmo tempo uma vitória justíssima do filme de Chazelle nos efeitos visuais, provando a sua subtileza face aos estapafúrdios dos seus concorrentes (cof* cof* Avengers: Infinity Wars).

Mas falando em técnica, que fluida tornou-se esta cerimónia sem o seu anfitrião: foi uma cermónia despachada, pouco dada às “palhaçadas” do momento que a Academia tanto gosta. E é aí que entramos na indignação.

Trazendo Green Book ao barulho, percebemos os vícios que ainda se mantém na Academia mesmo com a enchente de novos membros, prometendo diversidade cultural e étnica. Se por um lado irão chover críticas ao conteúdo da obra de Peter Farrelly sobre eventuais persistências do enredo do “branco salvador”, é a sua composição cinematográfica que nos levam a questionar esta decisão.

Green Book é tudo aquilo pelo qual a Academia é conhecida, um cinema sem espinhas e sem inovação que prova a urgência de não somente apostar na representação cultural dos membros, mas na sua cultura cinematográfica. O que falta realmente aqui é supostamente aquilo que se celebra, CINEMA.

E é triste encontramos mais Cinema no duo de Bradley Cooper e Lady Gaga em palco durante o seu “Shallow” (o beijo prometido que nunca se cumpriu) do que no resultado de “Melhor Filme do Ano”, o que não é … porque os Oscars são isso mesmo, burocracia à americana. Felizmente, Spike Lee subiu ao palco e a reação é um meme viral (no bom sentido).

Poderia ter sido o ano da mudança nos Oscars, mas não o foi. Preferiram ficar à sombra da bananeira. 

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