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“Sons of Anarchy”. 10 Anos, 10 factos

 

Inspirado pela eterna obra de William Shakespeare, Hamlet, Sons of Anarchy tem como ponto central uma família fundadora de um clube de motards intitulado SAMCRO (Sons of Anarchy Motorcycle Club Redwood Original), sediado na cidade fictícia de Charming, Califórnia. A serie estreou no dia de hoje, 3 de Setembro do ano de 2008 e ao longo de sete temporadas tornou-se a serie dramática mais relevante do canal FX.

Sons of Anarchy (SOA) é um daqueles exemplos em que os protagonistas são pessoas pouco cumpridoras da Lei mas o espectador não se importa. Legiões de fãs recriaram tatuagens, cortes de cabelo e até roupas das personagens principais.

Katey Sagal interpretou a matriarca de nome Gemma, cujo filho Jax (Charlie Hunnam) é a personagem “Hamlet” do enredo. Atormentado entre o facto de querer satisfazer os desejos da mãe e do padrasto Clay (Ron Perlman) e em honrar o falecido pai, o membro fundador da SAMCRO.

A vida televisiva de SOA nem sempre foi fácil e muitas vezes lidou com controvérsia devido às cenas de violência explícita – que deambularam entre remoções a sangue frio de tatuagens – cenas de sexo e menções constantes à prostituição e à indústria pornográfica, utilização de armas, recurso a álcool e drogas, etc. Mas o criador da série, Kurt Sutter nunca cedeu a estas polémicas: “Para mim – toda aquela violência – porque não define quem eu sou, nem de onde venho – é fantasia. Podia escrever sobre magos e fadas...” (The Hollywood Reporter).

Antes de criar SOA, Sutter produziu e colaborou na escrita de The Shield. Shawn Ryan, o criador da série, recomendou Sutter aos produtores Art e John Linson. Eles pensaram uma série para Sutter sobre “motards fora da lei” e permitiram que ele a desenvolvesse a partir do zero. Depois de 92 episódios e da morte de muitas das personagens principais, Sons of Anarchy teve o último episódio no ar no dia 9 de dezembro de 2014.

Podíamos fazer aqui rasgados elogios à criação FX, ao brilhante elenco, aos riscos que a série sempre correu, à veia destemida do seu criador e seria também possível dar alguns puxões de orelhas às más opções a que tantas vezes o argumento sucumbiu, no entanto é dia de celebração e como tal vamos enumerar 10 factos pouco conhecidos sobre Sons of Anarchy:

1) Kurt Sutter criou Gemma a pensar em Katey Sagal

Na vida real, o criador de Sons of Anarchy, Kurt Sutter é casado com Katey Sagal desde 2004 e desde então partilharam vários projetos profissionais. Numa entrevista à NPR, Sagal disse que Sutter escreveu a personagem de Gemma com ela e a sua dinâmica familiar em mente. “Se lhe perguntarem, o que ele provavelmente dirá é quando entrou na minha vida, eu já tinha dois filhos, e o Kurt transformou-se no padrasto deles, e eu era e sou muito protetora dos meus filhos“, disse Sagal a que acrescentou: “Acho que este elemento foi o trampolim para Gemma. Não foram tanto as coisas hediondas que ela faz; foi o facto de que, na sua essência, a sua motivação maior é proteger os seus filhos, o seu filho. A qualquer custo, ela protegerá Jax e o seu clube“.

2) Ron Perlman não foi a primeira escolha para interpretar Clay.

O episódio piloto apresentou Scott Glenn como Clay Morrow, presidente do SAMCRO. O canal decidiu que esta solução não era o que pretendiam mas gostaram muito do projeto, tanto que se esforçaram por encontrar o ator certo. Desde logo que se mostraram disponíveis a refazer o piloto. Os produtores sentiram que Glenn era muito subtil e não dinâmico o suficiente. Perlman fez a audição e a solução foi imediatamente encontrada.

3) Tara era o “centro moral” da série

Numa entrevista à Entertainment Weekly, Maggie Siff – Tara Knowles na série – concordou que a sua personagem era “o centro moral de Sons of Anarchy“: “acho que Kurt a usou como uma janela, através da qual o público podia experimentar Clube e a vida do Clube (…) Tara permaneceu como um centro moral, na medida em que foi uma das únicas personagens que experimenta um conflito emocional real em torno da violência, da dificuldade, da dor da vida e de querer uma vida melhor para os seus filhos “.

4) Os espectadores adoraram dar as facas a Charlie Hunnam

No programa, a personagem de Charlie Hunnam, Jax, carrega uma faca Ka-Bar (nome de uma faca, famosa por ter sido usada pelo corpo de fuzileiros navais e marinha dos Estados Unidos da América durante a Segunda Guerra Mundial). Hunnam disse que as facas fazem parte da cultura dos motociclistas, e a Califórnia permite que as pessoas as carreguem. “É permitido carregar uma faca com uma lâmina que não ultrapasse as seis polegadas“, disse à GQ. “Ainda assim, seis polegadas é uma faca bem grande!
Este acessório tornou-se um presente popular entre os fãs de Hunnam que, constantemente lhe ofereciam armas destas. “Tenho dezenas de Ka-Bars que militares me deram algumas foram mesmo usadas em cenários de guerra (…) não sei bem o que pensar sobre isso, acho um pouco sujo…“.

5) Sutter versus Regras e Boas Práticas
A determinada altura, o canal FX proibiu o uso da palavra “Fuck” e numa decisão surreal, os caracteres foram substituídos por “Jesus Cristo”. John Landgraf, CEO da FX, discordou de algumas das ideias de Sutter: “é um mundo violento e uma série violenta. Sutter está a recriar consequências realmente trágicas e sombrias de violência. Kurt quer mostrá-lo com detalhes muito gráficos e eu quero deixar mais à imaginação”. Sutter sempre discordou pois considerava que toda a violência tinha que ser orgânica, não gratuita.

6) Sagal temeu que Gemma a alienaria dos seus fãs.
No fim da sexta temporada, Gemma assassina inesperadamente uma das personagens mais importantes e amadas da série e a atriz temeu que os seus fãs não perdoassem esta atitude e que deixassem de seguir a sua carreira ou até mesmo a série. Felizmente, esta morte não alienou os fãs como Sagal pensou: “No dia seguinte, fui fazer uma sessão de autógrafos e as pessoas começaram a aparecer com garfos (a arma do crime) para eu assinar“, disse Sagal. “E assim conclui: “Ah, está tudo bem!“.

7) Sutter, um amante da causa e das normas motard

Sutter, é ele próprio um motoqueiro. Ao The Verge, o realizador afirmou que sempre foi “fascinado pela ironia dos motociclistas. Porque eles dizem que são todos livres e mandam o sistema à merda, no entanto, dentro da estrutura desses clubes, há mais regras e regulamentos do que você ou eu temos. Eles são como pequenas unidades militares. E eu gosto da ironia disso“. SAMCRO representa o ideal de como os americanos “cuidam de nós mesmos“, e este é o tema da série. “Sim, é sobre família, mas também sobre comunidade e vilarejo, sobre a organização a qual pertencemos… É parte do estereótipo positivo que representamos como uma nação“.

8) Stephen King um fã com direito a cameo.

Stephen King era um grande fã da série. Escreveu mesmo na Entertainment Weekly que “é uma daquelas séries que parece ter melhorado à medida que prosseguia“. Sutter leu esse artigo e entrou em contacto o autor para que este aparecesse num episódio. “Kurt garantiu que me escreveria um papel bem desagradável e mais importante de tudo, disse que me colocaria numa Harley. Como poderia dizer não?“. No episódio três da terceira temporada “Caregiver“, King interpretou uma personagem chamada Bachman – uma referência a Richard Bachman, um pseudônimo King costuma usar.

9) Walton Goggins convenceu Sutter a ser uma personagem transgénero.

Sutter convidou alguns dos atores de The Shield a participar em Sons of Anarchy mas, inicialmente, foi contra Walton Goggins aparecer na série. “Seria muito difícil para os nossos fãs aceitá-los como qualquer outra pessoa“, disse Goggins à Entertainment Weekly. “Não gostaria entrar num registo que pudesse ser comparado ao The Shield. E então disse ao Kurt: quero ser um transexual, adorava interpretar um transgénero“. A ideia demorou a assentar na mente de Sutter que acabou por aceitar. Durante seis episódios, entre 2012 e 2014, Goggins interpretou Venus Van Dam e vive um romance com um dos elementos mais estimado e castiço do SAMCRO, Tig interpretado por Kim Coates.

10) A dificuldade que Charlie Hunnam teve em abandonar a personagem Jax.

Hunnam interpretou Jax durante oito anos. Quando chegou o fim, a despedida foi emocional e difícil. “Porque conhecia bem os seguranças, cheguei durante muitos dias a usar o truque: esqueci-me de algo e eles deixavam-me entrar. E assim, durante a noite passava pelo set, com saudades do ambiente, das pessoas e para passar por um processo pessoal de despedida. Com tempo, consegui superar” disse o ator à Glamour.