Sexta-feira, 26 Abril

Reações mistas à estreia do novo filme de Brillante Mendoza

Um misto de emoções. Assim foi recebido o último filme de Brillante Mendoza, Taklub, hoje apresentado à imprensa no Festival de Cannes.

Inserido na secção Un Certain Regard, aquele que segundo o realizador é «uma história de sobrevivência e coragem» e «uma homenagem às vítimas e aos sobreviventes» do Tufão Yolanda (Hayan), que provocou uma onda de destruição nas Filipinas em 2013, contou com sala cheia, tendo ficando cada vez mais reduzida durante a sessão.

Mendoza fez um filme com base em experiências reais dos sobreviventes, tendo contraindo um tom de sofrimento acentuado em toda a sua narrativa. Provavelmente foi isso que fez  que muitos desistissem gradualmente do visionamento, enquanto os mais resistentes demonstravam sinais de agitação, constantes olhares para o relógio, suspiros de aborrecimento evidentes e, por fim, um final que foi aplaudido por alguns e olhado com indiferença por outros.

Brillante Mendoza, realizador de Lola e Cativos, volta aqui a trabalhar com a atriz Nora Aunor, com quem já havia colaborado em Thy Womb (apresentado na edição de 2013 do Indielisboa e ainda inédito no nosso país). Em Taklub ela interpreta uma personagem inspirada numa sobrevivente real, uma mãe que procura os seus familiares numa região desolada pela força da Natureza.


Taklub

Para além desta, o filme centra-se em infortúnios de outros sobreviventes, entre uns quais um homem que perdeu toda a sua família num incêndio, tornando-se protagonista de uma das cenas mais intensas e fortemente emocionais.

A catástrofe que o filme aborda decorreu em novembro de 2013 e devastou quase todo o arquipélago filipino, vitimando mais de dez mil pessoas. Foi considerado um dos mais fortes tufões algumas vez registados, mas foi completamente ignorado pelos medias do Ocidente uns dias depois do evento.

Talvez seja sob esse contexto que fez com que Mendoza dirigisse uma obra em constante estado martirológico, embora o cineasta sempre tenha afirmado que quando lhe propuseram que fizesse uma fita sobre a tragédia, que achava que «seria inapropriado e indelicado fazer um filme que explora a pena dos outros». Curiosamente o cineasta já anunciou que vai filmar uma nova obra e que de certa forma tem ligação a este projeto: «O meu próximo filme será um arrazoado contra as alterações climáticas. Eu quero que toda a gente tenha consciência desse problema mundial antes que seja tarde demais.»

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