Sábado, 20 Abril

Homenagem a Paulo Rocha com estreia e reposição de seus trabalhos

Um dos maiores símbolos do Cinema Novo, Paulo Rocha, regressa às salas de cinema pelas mãos das Midas Filmes. Dois dos seus mais aclamados trabalhos, Os Verdes Anos e Mudar de Vida, serão exibidos em cópias restauradas, no Cinema Ideal e no UCI Arrábida, seguindo depois por todo o país. Estes dois filmes maiores da cinematografia portuguesa do século XX serão também editados em DVD. É também, por fim, estreada a derradeira longa-metragem do cineasta, Se Eu Fosse Ladrão… Roubava [na imagem acima], mais de um ano após a sua antestreia na Cinemateca Portuguesa.

Os Verdes Anos (1962), juntamente com Dom Roberto, de José Ernesto de Sousa, é considerado o primeiro filme do Cinema Novo, corrente cinematográfica portuguesa fortemente inspirada pelo Neorrealismo italiano e pela Nova Vaga francesa. O seu argumento segue um rapaz de 19 anos, proveniente do campo, que chega à capital e procura integrar-se no meio que lhe é apresentado, com a ajuda do tio. Desfavorecido do capital essencial, apaixona-se por uma lisboeta com a qual não consegue manter uma relação estável. Este filme deixou para trás a tradicional comédia à portuguesa característica do nosso cinema desde os anos 30 e trouxe um novo olhar sobre as classes mais desfavorecidas, incapazes de se enquadrarem na sociedade lusa da altura, representada pela cidade de Lisboa.


Os Verdes Anos

Mudar de Vida (1967) retrata a vida de um pescador, no seu regresso a casa após ter combatido na Guerra Colonial, descobrindo que a sua noiva casou com o seu irmão. Tal como em O Acto da Primavera, de Manoel de Oliveira (onde Rocha trabalhou como assistente), o realizador mistura documentário e ficção (parte das personagens foram interpretadas por atores não profissionais, habitantes do Furadouro, onde a ação decorre), num filme firme sobre a Natureza e a guerra, que veio a influenciar futuros realizadores portugueses, como António Reis, Pedro Costa e João Pedro Rodrigues.

Se Eu Fosse Ladrão… Roubava fala do pai do realizador e do seu sonho em emigrar para o Brasil, nos anos vinte. Abordando também partes da vida do realizador e contendo excertos dos filmes do cineasta, assim como trabalhos de alguns dos seus ídolos (o poeta Camilo Pessanha), é um complexo filme testamento que, por fim, tem estreia comercial, mais de dois anos após a morte do seu criador.

O processo de restauração dos dois primeiros trabalhos foi supervisionado por Pedro Costa. Os filmes estarão em exibição de 14 a 27 de maio e as edições em DVD chegarão ao mercado a 16 do mesmo mês.

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