Quinta-feira, 28 Março

Curta-metragem sobre a experiência trans de uma criança de cinco anos lança debate

A experiência trans de uma criança de cinco anos foi um dos grandes destaques quinta-feira (03/04) no BAFICI – Festival de Cinema Independente de Buenos Aires, a decorrer na capital da Argentina até ao próximo dia 13.

Intitulado Yo nena, yo princesa, a curta-metragem documental assinada por María Aramburu e Valeria Paván, é um relato na primeira pessoa de Gabriela Mansilla, mãe de uma criança que nasceu com os genitais masculinos, recebeu um nome de homem (Manuel) mas que a partir dos 18 meses sempre se percecionou e expressou como uma menina, uma princesa. A mãe, que não sabia como lidar com situação e sofreu na pele algum constrangimento por parte daqueles que lhes eram mais próximos, respeitou a forma de ver da criança e com o apoio da Comunidad Homosexual Argentina (CHA) acompanhou-a durante o processo, tornando-se Manuel, agora Lulú, na primeira criança transgénero a receber, após alguns problemas burocráticos com algumas entidades, a documentação nacional (Bilhete de identidade) conforme a sua identidade autopercecionada.

Yo nena, yo princesa é também o nome de um livro publicado por Gabriela, que quis contar a sua experiência como uma alerta para outros pais que possam passar pela mesma experiência e que não sabem como agir. A própria confessa que foi preciso algum tempo para entender o que se passava, especialmente depois de terem sido aplicadas algumas terapias “corretivas” em consultas médicas que até pioraram as coisas: «A Lulú não dormia, chorava e até perdeu cabelo. Não queria ir ao WC, não queria que a vissem». Para Valeria Paván, psicóloga e co-realizadora da obra, «Temos a responsabilidade que esta história seja difundida e discutida, pensando em outros rapazes, raparigas e famílias que sejam confrontadas com a mesma situação». Segundo a mesma, «este documentário é mais que uma entrevista: é um fragmento privilegiado de uma história complexa e singular, embora não única».

Yo nena, yo princesa voltará a ser exibida no BAFICI nos próximos dias 9 e 11, sendo bastante provável que faça a rota dos festivais Queer um pouco por todo o mundo.

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